Um dos piores erros que um político pode cometer é fugir do esclarecimento público quando confrontado com polémicas. Esconder-se atrás do silêncio à espera que a “tempestade” passe cria a ideia que há algo a esconder.
Na última semana foi esse erro de cálculo político que a Presidente da Câmara de Ponta Delgada cometeu. Apetece perguntar que “tropas” e que “generais” a acompanham? Onde pára o experiente e arguto Humberto Melo?
Apesar de tudo, o silêncio de Berta Cabral, sobre o polémico Relatório da auditoria do Tribunal de Contas (TC) à empresa municipal Acção PDL, podia ter uma virtude: uma vez quebrado seria esclarecedor e encerraria a polémica.
Não foi o que aconteceu. Berta Cabral confundiu um dever com uma opção e sete (7) dias após a polémica, uma eternidade mediática, finalmente falou. Perdeu várias oportunidades.
Desde logo a oportunidade de afirmar coerência com as preocupações de despesismo que ainda bem recentemente o PSD-A denunciou e que o líder nacional elegeu como bandeira. Depois, a oportunidade de manifestar humildade e capacidade de retirar as devidas ilações sobre as “irregularidades” que o TC aponta e o que tem de mudar. E também a oportunidade de falar claro e à altura do Relatório, estão em causa compromissos assumidos pela Acção PDL, entre 2009 e 2010, superiores a 37 milhões de euros.
O verdadeiro problema de Berta Cabral com o Relatório do TC é que ele constitui um golpe fatal num certo endeusamento da sua pessoa. Muitos sabiam a real natureza do “Bertismo” autárquico mas faltava uma chancela soberana. O relatório do TC fez precisamente isso, caucionou as críticas de despesismo e endividamento irresponsável da CMPD. Tudo não passou de um sonho, afinal Berta Cabral é o que sempre foi. A mesma que em 1996, quando era Secretária Regional das Finanças, deixou a Região falida e à beira do precipício.