Eis-nos chegados ao ano de 2011. Apesar de Janeiro ainda ir no início, a cena política regional e nacional começa a dar sinais de agitação face à proximidade do acto eleitoral que ditará quem será o próximo magistrado supremo da Nação.
À partida todos os candidatos que viram as suas proposituras serem consideradas em conformidade com a lei eleitoral vigente deveriam partir com iguais hipóteses de atingir a meta a que se propõem. Como se tem tornado óbvio e evidente, apenas dois reúnem os apoios necessários para poderem almejar a vitória e vir a exercer o cargo de presidente da República. Referimo-nos precisamente aos candidatos Manuel Alegre e Cavaco Silva.
Para além de todos os factores que possam contribuir para a nossa decisão no momento de assinalar no boletim de voto a nossa livre escolha, as condições relacionadas com o facto de sermos açorianos e vivermos nos Açores deverão ser objecto de análise com vista à melhor escolha para a Região e para o País.
Torna-se imprescindível comparar procedimentos e atitudes de ambos os candidatos para com os Açores. Muito embora muitos não queiram relacionar o desempenho do cargo presidencial com o funcionamento da Autonomia, a acção do Presidente da República pode, e tem sido, um meio de coarctar o exercício democrático da nossa autonomia constitucional e do exercício das competências consagradas no nosso Estatuto Autonómico.
Por mais que se repita, nunca será demais lembrar que Cavaco Silva esteve contra as alterações estatutárias legitimamente aprovadas pela Assembleia Legislativa Regional e pela Assembleia da República, tendo inclusive interrompido as férias para fazer uma comunicação ao país como se estivéssemos a cometer um crime de lesa-pátria, ao defendermos a dignidade dos órgãos da autonomia.
Ainda recentemente, do outro lado do oceano, Cavaco Silva não se coibiu de lançar um ataque ao governo dos Açores que, no exercício das suas competências constitucionais ter, entre outras medidas destinadas a proteger os açorianos de uma crise para a qual não contribui, decidido atribuir uma compensação salarial.
Ainda hoje, hoje mesmo, estando o candidato Cavaco Silva em campanha eleitoral nos Açores, se pode constatar a falta de consideração que tem pela Autonomia e pelos seus legítimos representantes. Ao contrário do que se tem verificado com os outros candidatos que já visitaram os Açores, Cavaco não manifestou qualquer interesse ou vontade de cumprimentar quer o Presidente da Assembleia Legislativa Regional quer o Presidente do Governo dos Açores.
Cremos, com toda a certeza, que Francisco Coelho e/ou Carlos César o teriam institucionalmente recebido, como aliás é da praxe e constitui procedimento normal por parte dos governantes açorianos que não discriminam aqueles que pensam e agem de forma diversa.
Compreendemos perfeitamente que Cavaco Silva não se sentiria confortável, pois acreditamos que, em relação aos Açores e à defesa da Autonomia, a consciência certamente lhe pesará fortemente.
Sinceramente, custa-nos acreditar que pessoas e forças políticas que se arvoram como “pais” e defensores da Autonomia possam fazer parte da corte de um candidato que já demonstrou de forma inequívoca e repetidamente assumida que não é um verdadeiro amigo dos Açores e dos açorianos.
Em contraponto, relevamos a atitude de Manuel Alegre que escolheu os Açores para lançar a sua candidatura presidencial e que, ao longo de décadas, tem sabido ser um permanente aliado dos açorianos na defesa dos princípios autonómicos, da democracia e da liberdade.
Manuel Alegre na Presidência da República será um garante para todos os açorianos que independentemente do governo em funções em Lisboa ou das maiorias que se possam constituir na Assembleia da República a Autonomia será sempre respeitada e defendida.
Por isso, e não só por isso, no dia 23 de Janeiro, conscientemente, depositarei o meu voto nas mãos de Manuel Alegre.
Espero que também o faças!