Com a aproximação das eleições presidenciais agudizam-se as diferenças entre os dois principais candidatos. Há entre Cavaco e Alegre mais de 7 diferenças. E entre elas está a consideração pelas autonomias. Cavaco é centralista, sempre o foi. Alegre escolheu os Açores para lançar a sua candidatura. De um lado Cavaco convencido da sua infalibilidade, do outro Alegre capaz de devolver a Portugal a esperança. O primeiro agarrado apenas à sua formação de economista, o segundo defendendo valores essenciais em democracia. Cavaco marcado por um passado político que tenta esconder. No caso BPN, na relação com os Açores, nos aumentos injustificados aos funcionários públicos em véspera de eleições; do outro lado Alegre com um passado de combatitividade, em ditadura e em democracia. O primeiro apologista do silêncio descomprometedor, o segundo um homem de causas e com elas comprometido. Cavaco personifica a desconfiança continental para com as suas regiões, Alegre compreende há muito a açorianidade. Cavaco entretêm-se a diabolizar o estatuto dos Açores, Alegre respeita-o. Porque é um homem livre, de recorte suprapartidário, enquanto Cavaco está demasiado acorrentado a um partido. Cavaco é um tecnocrata, Alegre é um lutador. Cavaco é absolutamente táctico, Alegre move-se por valores. Cavaco resguarda-se na ausência de comentários, Alegre tem sempre opinião própria. Cavaco não comenta se não conhecer o dossier completo, Alegre respeita princípios que estão acima de qualquer dossier. Um é circunspecto, o outro é genuíno. O primeiro apenas pode prometer um remake do Presidente que tem sido até então, no outro reside a esperança. Um é esfíngico, o outro é humano. Um promete teoria, o outro acção. Cavaco não será mais do que foi capaz de ser até agora, Alegre traz um fôlego renovado a um cargo que Cavaco, infelizmente, soube desprestigiar.