Dia 23 ao olhar para o boletim de voto com 6 quadrículas cada português fará uma escolha. Mas não a que resulta da informação. O esclarecimento terminou no exacto momento em que começou a campanha eleitoral. Passou-se ao campeonato do escândalo. Nas arruadas, nos comícios, nas reportagens não se esclarece, difama-se. E cava-se a sepultura de Portugal com firmeza e ignorância. Pelo episódio miserabilista de Cavaco Silva a reduzir-se a um pobre professor que investiu as poupanças num banco de amigalhaços. Pela infeliz tirada de Alegre ao dispor-se a suspender a campanha para evitar a entrada do FMI. Pela boçalidade inestancável de José Manuel Coelho. Pelo inefável Francisco Lopes que se serve do discurso formatado pelo comité central, matraqueante e entorpecedor ao fim de dois minutos. Correndo sem mostras de cansaço e sem se dar conta de que o mundo mudou, de que os dias são já outros. Continua pelo discurso monocórdico de Defensor Moura. E acaba no agonizante Fernando Nobre. Que ainda ninguém percebe porque corre, mas que finalmente tomou o gosto à coisa e se esganiça nos comícios. Esventrando-se em público e trocando a independência propalada pelo ataque mordaz. A ponto de atirar esta semana, perante uma assembleia assustada, que só o demovem da corrida com um tiro na nuca. A coisa promete. Quem ouve agora Cavaco candidato não percebe em que parte do percurso despiu ele as vestes de presidente. Promete agora pose institucional (como no caso das escutas, presumo), a não activação da bomba atómica (de que fez até agora bandeira de campanha), e uma magistratura activa (contrariando a que agora terminou). Domingo, com os olhos pousados nos seis quadradinhos, cada português há-de ponderar. De entre os seis candidatos aquele que oferece mais garantias. Dos seis restará apenas um. E este será o certo.