Num sistema democrático, a responsabilidade política deve ser idêntica entre o partido que suporta o Governo e o maior partido da oposição, ainda para mais quando este último se intitula como alternativa de poder.
Para que este auto-estatuto de alternativa ao poder seja de facto uma realidade, um partido na oposição deve apresentar, atempadamente, um projecto concreto de desenvolvimento e de governação, que lhe permita recolher apoios da sociedade.
Esta mecânica política é ainda mais importante na actualidade, quando se sabe que a classe política é responsabilizada, muitas vezes bem, pela actual situação do país, uma vez que não conseguiu dar a resposta aos problemas dos portugueses e continua envolta nas imposições dos especuladores financeiros e dos mercados internacionais, agiotas sem rosto grandes culpados da situação internacional actual.
É por isso, cada vez mais, necessário regressar à política pura, que tem o objectivo central de resolver os problemas dos cidadãos. Não existe, actualmente, margem para outro comportamento por parte dos partidos políticos.
É mesmo esta necessidade que o PSD/Açores parece não compreender, porque dá uma preferência clara à sua estratégia partidária do que em apresentar soluções concretas e eficazes para fazer face ao actual momento mais difícil que se vive na nossa Região.
O PSD/Açores de Berta Cabral prefere, como a própria anunciou, guardar as propostas que supostamente tem sobre o desemprego para as vésperas de eleições, em vez de as apresentar aos açorianos. Este comportamento político é, em primeiro lugar, o mais claro desrespeito que o PSD/Açores pode ter com os desempregados açorianos e contradiz, pela própria líder, toda a sua alegada preocupação com esta franja da sociedade açoriana.
Para que não restem dúvidas, foi a líder do PSD/Açores que fez questão de anunciar, recentemente, que as propostas concretas do partido “vão ser orientadas para o programa eleitoral do partido às eleições de 2012”.
É o expoente máximo do oportunismo partidário e eleitoralista em detrimento do papel responsável que o maior partido da oposição deve ter como entidade proponente e em respeito pela responsabilidade que os açorianos lhe depositaram nas últimas eleições.
O PSD/Açores sempre tão lesto a criticar todas as medidas apresentadas pelo Governo e pelo PS/Açores para responder aos efeitos mais nefastos desta crise, que tem no desemprego a face mais visível, pura e simplesmente, demite-se de ter qualquer papel activo e fica, passivamente, à espera dos votos dos açorianos em Outubro de 2012.
Este PSD/Açores pode, legitimamente, não concordar com uma única medida implementada pelo Governo Regional, mas isso só implica um reforço da necessidade de apresentar soluções alternativas para a crise.
É, assim, um PSD/Açores que diz que o PS/Açores tem problemas internos para resolver, mas que, na verdade, não consegue resolver o seu maior problema de todos: o que quer para os Açores.
Esperava-se mais do maior partido da oposição dos Açores. Opta por criticar quem trabalha e decide não trabalhar para criticar.