Esta semana irei abordar um tema que considero de extrema pertinência para o desenvolvimento da nossa comunidade: falo do Poder Local e mais concretamente do desempenho das autarquias e dos nossos autarcas.
Ser autarca é uma função que engrandece quem a desempenha; é uma escola para a vida, quer no campo pessoal, quer no campo profissional. É também uma oportunidade: estar perto dos eleitores, ouvir as suas sugestões, as suas dificuldades bem como os seus projectos.
Ser autarca é ainda, e sobretudo, ter a oportunidade de fazer mais pela sua terra e por aqueles que confiaram nas suas capacidades, podendo dar um pouco do seu conhecimento, disponibilidade e contributo para o desenvolvimento da sua área de constituição e abrangência.
Um dos lemas que deveria estar sempre presente nas funções autárquicas é a expressão “Pensar Global e Agir Local”. Desta forma, podemos conseguir muito para os nossos concelhos e freguesias, trabalhando em equipa numa perspectiva colaborativa e num exercício de funções individuais articuladas colectivamente.
A aproximação que as pessoas têm aos autarcas reveste-se de uma interessante dimensão, claramente reflectida nos resultados eleitorais. Falo como é óbvio na abstenção, que nas autárquicas assume uma percentagem muito baixa, quando comparada com outros actos eleitorais, como há bem pouco tempo se verificou nas eleições presidenciais.
A outra face desta moeda de servir as populações através do Poder Local é a incompreensão que sofrem (nem sempre os autarcas são os bem-amados!) e a obrigação de desempenharem o mais diverso leque de funções e tarefas. É, no entanto, inquestionável que é esta mesma dificuldade que suscita aos autarcas as possibilidades de resolver alguns dos problemas das populações que servem. Estas são razões pelas quais gostaria – mesmo correndo o risco de ser mal interpretado, porque também sou autarca – de prestar o meu reconhecimento a quem deixa o conforto dos seus lares e famílias, para fazer algo pela causa pública.
Estas funções são mais fáceis em tempos de progresso e de conforto económico. No momento presente em que nos é exigida uma grande contenção, por um lado, e o apoio ao público mais fragilizado, por outro, a nossa capacidade de discernir entre o essencial e o supérfluo, entre o ser humano e a politiquice de rua, é chamada com mais premência. A clarividência acerca dos nossos objectivos e a gestão do elenco das prioridades que todos os dias nos são colocadas assumem, igualmente, no momento actual, grande importância.
Errar é humano e nenhum autarca tem a presunção de ser infalível. Mas acredito que dá o seu melhor. Lamentavelmente quem pouco faz pelo bem-estar das nossas gentes e pelo desenvolvimento local é, por vezes, quem mais reclama pelo que falta ou pelo que se faz, pelo que é e pelo que não é, num exercício de demagogia que deveria ser banido perante as dificuldades do presente.
Numa ilha como o Faial, de um só Concelho, com 172,43 quilómetros quadrados, 13 freguesias por onde se distribuem 15.063 residentes (dados de 2001), poderíamos ser um exemplo de coesão se os interesses partidários da oposição não se sobrepusessem aos interesses colectivos da população que nos elegeu.
Ainda assim, é bom ser autarca e respeitar a vontade do povo!