A situação do país agravou-se da noite para o dia. A demissão de José Sócrates criou uma instabilidade galopante difícil de travar. Aquilo a que ontem assistimos na Assembleia da República, com todos os partidos da oposição a votarem contra o PEC IV, foi o retrato mais fiel do descalabro. Nenhum partido, para além do PS, foi capaz de responsavelmente optar pelo diálogo e pela concertação em nome da estabilidade do país. Preferiram todos o quanto pior melhor. E mais. De entre eles houve até quem não se dignasse a apresentar propostas alternativas ao caminho traçado pelo PEC IV. Desta nebulosa conjuntura não haveria outra saída que não a demissão. Foi o que Sócrates fez, no reconhecimento de que não tinha as condições mínimas para continuar a governar. O que revela também da parte do PS maturidade democrática e desapego do poder. E o que demonstra à saciedade quem são os partidos da oposição. Irresponsáveis, sôfregos de regressarem ao poder, dispostos a prescindir do interesse do país em nome dos seus interesses partidários. Os meses que se aproximam serão muito difíceis. Os outros países da União Europeia olham com desconfiança para Portugal, os juros da dívida pública soberana dispararam desde ontem. E a verdade é que esta circunstância significa que os partidos da oposição, por razões diferentes, escolheram o caminho do caos. Preferiram o descalabro. A desagregação de Portugal. Preferiram fragilizar o país e propiciar a vinda da ajuda externa. Que oposição é esta que irresponsavelmente prefere que outros resolvam os nossos problemas em vez de sermos capazes de os fazer pelas nossas mãos? O futuro não augura nada de bom. A oposição abriu a cova final à espera de enterrar José Sócrates. Mas acabou por enterrar Portugal. É este o drama. É que a oposição que hoje faz isto é a que diz ter condições para governar Portugal. Depois destes episódios degradantes quem ainda consegue acreditar nisto?