No próximo dia 5 de Junho, por acção do PSD de Passos Coelho e de Berta Cabral, os portugueses irão se pronunciar, em eleições antecipadas, acerca do destino do país, numa altura de grave crise política, gerada por aquele partido político.
Entregues as listas à Assembleia da República, é notória a acção dos partidos e dos candidatos que se esforçam no sentido de, por parte de uns, transmitir os seus programas e propostas para vencer a crise e, por parte de outros, a continuação do vazio de ideias e dos ataques ao governo ainda em funções.
Enquanto José Sócrates e o Partido Socialista já procederam à apresentação pública de um programa perfeitamente delineado, assente na realidade do país e com propostas credíveis e exequíveis, Passos Coelho e os seus acólitos, que há meses reclamam novas políticas para Portugal, ainda não foram capazes de dizer o que efectivamente pretenderiam levar a cabo se o povo português lhes concedesse o estatuto de partido mais votado, uma vez que uma maioria absoluta não é credível até aos olhos do militante laranja mais indefectível.
Para que o povo possa decidir em plena consciência, há que esclarecer de forma clara o que os partidos pensam acerca de questões que nos são tão caras como, por exemplo, se o Serviço Nacional de Saúde dever-se-á manter e oferecer serviços de qualidade de uma forma tendencialmente gratuita. Ou será que a saúde deverá ser entregue aos privados? O mesmo se poderá questionar em relação ao ensino. O ensino obrigatório dever-se-á manter gratuito ou entregue aos privados? As universidades devem continuar a ser apoiadas pelo erário público, ou entregues à iniciativa privada?
Queremos que a Caixa Geral de Depósitos seja privatizada? Queremos que se abandone o investimento público e se entregue tudo aos interesses dos grandes grupos económicos?
Entre muitas outras, nessas diferenças se podem posicionar os dois maiores partidos portugueses. Enquanto o Partido Socialista defende o Serviço Nacional de Saúde, o Ensino Público e o investimento do Estado como factor de desenvolvimento, o PSD de Passos Coelho pretende implementar uma política neo-liberal, entregando por qualquer preço aos privados aquilo que nos é mais caro, ou seja a saúde e a educação e retirando a intervenção do Estado em sectores fulcrais da economia.
A 5 de Junho teremos de decidir se pretendemos continuar a ter um Estado Social que a todos protege e, de uma forma mais acentuada os cidadãos menos favorecidos, ou se queremos caminhar rumo a uma vivência de concorrência absoluta que não olha a meios para atingir as metas do lucro e da obtenção de capital.
Esperamos que a campanha eleitoral que se avizinha seja uma oportunidade para esclarecer os cidadãos e que constitua um momento de verdade e de coerência com a situação que o país atravessa.
O Partido Socialista dos Açores já anunciou que irá reduzir em mais de 50% os custos da campanha e irá privilegiar o contacto directo com os cidadãos em detrimento do tradicional material normalmente utilizado, prescindindo do recurso a publicidade em “outdoors”, o que permitirá uma significativa redução de custos.
Oxalá os restantes partidos concorrentes sigam o exemplo dos socialistas e dêm especial atenção à transmissão de ideias e de medidas a propor e evitem gastos desnecessários que não se coadunam com a nossa situação económica.
A finalizar e a propósito, vejam-se os gastos do PSD em “outdoors” colocados há meses nas principais artérias, os quais mudaram de localização há pouco, e transmitem o indisfarçável pavor dos laranjas face a uma eventual candidatura de Carlos César às eleições regionais de 2012. Pelos vistos, os ditos cartazes pagarão aluguer de espaço por dezenas de meses e de nada valerão.
À falta de ideias e propostas investem em milionários cartazes!