Opinião

A solução que não resolve nada

Muito se tem dito sobre o futuro da RTP Açores. A nossa posição é clara, a RTP Açores deve ter um centro de produção regional, com emissão, programação e produção próprias, sendo os custos desse serviço, assumidos pelo Estado. Naturalmente que concordamos que os recursos e meios afectos à RTP Açores podem ser melhor geridos, melhor organizados e melhor optimizados, sendo garantida uma gestão eficaz e responsável, com base nas especificidades sociais, culturais, políticas e económicas de uma região como os Açores. Mas não aceitamos que sejam postos em causa princípios básicos da nossa vivência enquanto Região. Todos reconhecem o importante papel que a RTP Açores tem tido na construção e na melhoria do regime autonómico em que vivemos hoje. Em Maio de 2011 perguntei por várias vezes ao PSD Açores se, no âmbito do processo de privatização da RTP que constava no programa eleitoral deste partido, o que estava reservado para a RTP Açores. Perguntei mesmo se a intenção seria transformar a RTP Açores numa “janela” de transmissão, apenas em algumas horas, reduzindo a emissão. Na altura responderam-me que não, que isso não era verdade e que eu e o partido a que pertenço “éramos uma máquina de boatos” ao referir estas questões. A verdade é que pouco tempo depois o Sr. Ministro Miguel Relvas confirmou esses supostos “boatos” e anunciou A REDUÇÃO DO TEMPO DE EMISSÃO A QUATRO HORAS DIÁRIAS, SUPOSTAMENTE PARA REDUZIR custos, pessoas e postos de trabalho. Em suma, reduzindo a RTP Açores a uma mera despesa numa folha de Excel. Das duas uma, ou o PSD Açores sabia o que estava a ser preparado e escondeu essa informação dos açorianos, antes das eleições legislativas, ou fica mais uma vez claro que não é tido nem achado nas decisões referentes aos Açores, o que é bem demonstrativo da falta de influência deste partido na defesa dos nossos interesses. Agora, tenta disfarçar o indisfarçável com uma suposta solução que é uma não proposta e que não resolve nada. Defende a criação de uma Sociedade Anónima para assegurar o serviço público de rádio e televisão nos Açores. Além de dar uma ajudinha ao Ministro Miguel Relvas na desresponsabilização do Estado, não diz quanto custa, como se paga, como funciona ou seja, não concretiza nada. QUANDO FOI OUVIDO EM SEDE DE COMISSÃO, O PRESIDENTE DO GRUPO RTP REFERIU QUE A RTP/AÇORES TERÁ DE CONTINUAR A CONTAR COM CONTEÚDOS GRATUITOS E INTEGRADA NA CASA-MÃE, PORQUE SE FOSSE CONCEBIDA COMO TELEVISÃO GENERALISTA TERIA CUSTOS ANUAIS DE CERCA DE 40 MILHÕES DE EUROS. NÃO DEIXA DE SER ESTRANHO QUE, MESMO DEPOIS DESTA CONSTATAÇÃO, O PSD/AÇORES MANTENHA A SUA PROPOSTA MIRABOLANTE. Mas mais curioso é o facto desta proposta ser para 2013. OU SEJA, O PSD/AÇORES SÓ SABE QUE NADA SABE E ACHA QUE ISSO É ALGUMA COISA. A ÂNSIA DOS CORTES CEGOS DO MINISTRO MIGUEL RELVAS NÃO É COMPATÍVEL COM OS PRAZOS DAS PROPOSTAS DO PSD/AÇORES. A ESSE RITMO, EM 2013, A RTP/AÇORES JÁ TERIA A EMISSÃO A PRETO E BRANCO.