Opinião

Regresso ao passado

Desenganem-se os mais distraídos. O PSD dos Açores promete o que sabe que não tem para dar. É que a proximidade do Carnaval não disfarça aquilo a que atónitos os açorianos vão assistindo. A líder do PSD/A é uma velha conhecida da política açoriana. Interessada no poder mas desinteressante quanto ao mais. Sabe-se que domina mal a maioria dos dossiers que descarta amiúde num discurso redondo. Fazendo dela uma verdadeira especialista em generalidades. Como quando disse que os Açores devem ser uma região económica para além de autonómica. Com o Carnaval caiu-lhe a máscara e revelou-se incapaz de tomar uma decisão sobre um assunto menor como é o de conceder tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval. Escondeu-se atrás da decisão que o Presidente do Governo viesse a tomar. E revelou dois factos assustadores. O de que hesita até em pequenas coisas como esta, e que teme contrariar as orientações do líder do seu partido, Passos Coelho, que governa na República. Vai daí agachou-se, e remeteu a sua decisão para depois do anúncio da decisão do Governo Regional. Isto diz tudo sobre a candidata do PSD/Açores e diz também alguma coisa sobre o próprio PSD/A. Que recupera do baú das memórias as velhas glórias dos tempos de governo de Mota Amaral e as atira para a frente fingindo que a têmpera é a mesma. Capaz de pelo desespero prometer o impossível e garantir o improvável. Valendo até contrariar o líder parlamentar ao prometer tudo a todos. Se a estratégia é esta o resultado só poderia ser um se chegasse a governar: faria como Passos Coelho que destruiu nos primeiros meses de governo todas as promessas eleitorais. Os Açores não querem voltar aos anos 80, ao canal da «RTP Memória» que a líder do PSD/A promete protagonizar daqui até outubro. É que entretanto o mundo mudou muito, os Açores transformaram-se e não há lifting que lhes possa valer.