Opinião

Nao Podemos Baixar os Braços

Os últimos números do desemprego nos Açores são, obviamente, preocupantes e obrigam as entidades públicas a uma atenção redobrada para minimizar os efeitos desta situação nas famílias açorianas. Em primeiro lugar, esta evolução significativa do desemprego resulta de um processo de ajustamento que a economia açoriana está a sofrer, o qual tem na construção civil a sua face mais visível, depois de uma fase de grande expansão deste sector da actividade económica. Estamos convencidos que, ao longo deste ano, será possível assistir-se a uma estabilização do desemprego nos Açores, fruto das várias medidas que já estão em curso e de novos programas que serão implementadas em breve pelo Governo Regional. Temos de continuar com o conjunto de cerca de uma dezena de medidas estruturais e conjunturais que já estão implementadas nos Açores ao nível da empregabilidade, mas também com novas soluções para a criação de emprego. O desemprego deve-se, assim, combater a três níveis de intervenção para que se possa inverter a actual situação de forma estrutural. Em primeiro lugar, é necessário continuar a criar as condições para que as empresas criem emprego sustentado nas nossas ilhas, através medidas que incentivem o investimento privado e, consequentemente, a criação de riqueza. Em paralelo, deve ser mantida uma forte aposta na formação dos recursos humanos, capacitando-os para um desempenho profissional mais apurado. Um trabalhador mais qualificado está, obviamente, em melhores condições de concorrer no mercado do que outro sem qualquer formação específica. Estas duas estratégias devem sempre ser desenvolvidas sem descurar o apoio social aos açorianos que estão numa situação de desemprego, que são as principais vítimas desta crise que tem origem em duas causas muito concretas: a austeridade nacional que está atirar o país para a recessão e a total paralisia da banca em financiar a economia privada. Estes dois factores são os grandes responsáveis pela contracção do investimento privado nos Açores, com consequências gravosas ao nível da manutenção e criação de emprego. Mesmo empresas com boa saúde financeira estão a esbarrar à porta da banca, que, pura e simplesmente, não concede crédito para investimento que permita a criação de novos postos de trabalho. O Governo Regional não se pode substituir inteiramente à banca na alavancagem da economia açoriana, mas não tem estado parado. Basta referir que 700 empresas utilizaram a linha de apoio à reestruturação das empresas, num montante global de 274 milhões de euros. Cerca de 1.100 empresas recorreram à linha de crédito de apoio à tesouraria e liquidez, para um total de créditos de mais de 66 milhões de euros. Estes números provam que muitas empresas açorianas foram salvas e, consequentemente, muitos postos de trabalho foram assegurados, mantendo o seu contributo para a criação de riqueza e para um rendimento familiar digno. É este o caminho que temos de continuar a trilhar nos Açores: apostar no crescimento sustentado do emprego, apoiar incondicionalmente que perdeu o seu emprego e dar as condições para que as empresas possam funcionar sem constrangimentos externos.