Portugal nem sempre tem entendido de forma perentória as declarações emitidas pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, quando este intervém. Por isso tem sido recorrente vir novamente a público, no dia seguinte, tentar explicar aquilo que tinha dito anteriormente. Mesmo assim não é líquido que as explicações dadas sejam mais esclarecedoras do que as declarações da véspera.
O caso talvez se explique pela forma intensa com que gosta de falar aos portugueses e pela densidade das ideias que pretende fazer passar.
As últimas declarações sobre o desemprego foram desastrosas. Classificar este drama social como uma oportunidade para mudar de vida, foi um erro de palmatória. As explicações do dia seguinte até foram percetíveis, mas não apagaram aquela enviesada maneira de ver um problema que afeta cada vez mais portugueses.
Abordar o tema do desemprego desta forma constituiu uma ofensa a quem luta todos os dias para arranjar um trabalho que lhe permita sustentar a família com o mínimo de dignidade. Infelizmente os números nacionais indicam que a situação é dramática e, como tal, este governo, da responsabilidade do PSD e do CDS/PP, deveria preocupar-se, tão só, com a criação de oportunidades, mas de emprego.
Pulamos de recorde em recorde e as políticas ativas para minimizar este pesadelo, que afeta muitos concidadãos, tardam em aparecer. Ouvimos todos os dias alguns ministros desfilarem as suas preocupações, mas na prática tudo continua na mesma, não se vislumbrando soluções para minimizar os problemas por que passam muitos portugueses.
Este governo do PSD e do CDS/PP está a esmagar a classe média, a criar dificuldades no acesso dos portugueses à saúde e ao ensino. Todos os dias se assiste à destruição de postos de trabalho, quer nas empresas, quer na função pública, atirando para o desemprego muitas pessoas, a grande maioria sem direito a subsídio de desemprego, cujas regras foram habilmente alteradas.
É notório que este governo de Passos Coelho e de Paulo Portas estabeleceu como objetivo primeiro deixar empobrecer este país. O mais grave é que está mesmo a conseguir.