Opinião

O Caminho que temos de escolher...

Neste período que antecede as eleições legislativas regionais, os dois principais partidos políticos, praticamente, já definiram a base dos seus programas de Governo. Além disso, escolheram a maior parte dos nomes das listas de candidatos a Deputados pelas nossas nove ilhas. A inovação, a renovação, a competência, a verdade e uma visão analítica, concreta e correcta, sem politiquices, do período de crise económica/financeira/social que atravessamos, são características essenciais a apresentar, quer pelas ideias e propostas dos candidatos, quer pelos novos protagonistas políticos açorianos nos próximos quatro anos. Nenhum candidato poderá ser considerado credível junto do eleitorado se embarcar pela simples crítica ao adversário, se o seu partido promover, junto da comunicação social e do povo, a intriga e a campanha suja ou se, a cada visita que faz, prometer exactamente o que o visitado quer ouvir, independentemente dos custos inerentes ou da justeza da pretensão. Vivemos tempos difíceis derivados da austeridade nacional e da restrição do acesso ao crédito que penalizam fortemente o consumo e o investimento numa economia periférica como a nossa. Sem consumo interno e sem investimento, as empresas não vendem, sendo obrigadas a cortar nos seus consumos e na sua força laboral, provocando, ainda mais, um abrandamento no consumo e um aumento das despesas sociais do Governo Regional, retirando, assim, recursos aos apoios à economia. No combate a esta espiral de crise, que está a funcionar em ciclo vicioso que só termina quando não existir mais economia, o Governo dos Açores, nos próximos quatro anos, tem um papel muito importante a desempenhar, apesar da principal solução para os nossos problemas vir do continente e da Europa. O próximo Governo dos Açores tem de ter a consciência que prioridade das empresas açorianas não pode estar limitada a um mercado interno de 240 mil pessoas fortemente constrangido pela crise. A ideia de limitar os Açores a uma "Região Económica", nesta altura, para além de ser profundamente ridícula, é perigosa para a economia, pois orienta o investimento das empresas num sentido pouco sustentável. A prioridade deve ser orientada no sentido de proporcionar meios para termos mais e melhores empresas exportadoras e mais competitividade nos nossos produtos. Temos de produzir o mais barato possível em produtos diferenciados com maior valor acrescentado. Temos de aprimorar os sectores tradicionais da nossa economia com vocação exportadora - a agricultura e as pescas -, promovendo as condições para a inovação e diferenciação destes produtos, promovendo, assim, a sua competitividade nos mercados estrangeiros. No turismo, a eterna discussão dos transportes tem de sair de cena. É certo que transportes baratos são uma mais-valia no turismo, mas também é certo que esta questão só se põe, apesar de cada vez menos, no mercado continental que está em profunda crise, não muito susceptível, portanto, a mudanças de preço. Aqui também a aposta deve ser a diferenciação das unidades hoteleiras, bem como, dos serviços que são prestados aos turistas, tendo como objectivo principal a valorização do produto Açores. O próximo Governo dos Açores tem de continuar a manter os apoios às famílias açorianas para que estas consigam enfrentar as dificuldades, sem entrarmos em situações de emergência social, como também tem de continuar a apoiar as nossas empresas, enquanto as restrições ao crédito bancário continuarem a travar o normal ciclo de tesouraria empresarial e o investimento na competitividade. O caminho que temos que escolher está no projecto que melhor souber interpretar estas prioridades, com a verdadeira consciência que, apesar das dificuldades em que vivemos, é possível atingir os nossos objectivos sem deixar ninguém para trás.