A notícia explodiu como uma bomba sem rastilho. Ao fim de 36 anos de Autonomia o PSD-Açores não apresenta listas de candidatos a deputados em todos os círculos eleitorais da Região. O Corvo ficou de fora.
A ilha mais pequena dos Açores assinala, a mês e meio das eleições, a primeira grande derrota do PSD.
Num exercício de desespero político Berta Cabral surgiu na RTP a tentar disfarçar o óbvio. Para a presidente do PSD o que está em causa é uma estratégia de “win-win”. Supostamente ganhariam oPSD e o minúsculo PPM.
Esta decisão inacreditável expõe quatro aspetos incontornáveis.
Em primeiro lugar é um atentado à história e ao património político do PSD-Açores. Bem ou mal o PSD sempre foi um partido com dimensão regional. Agora, do ponto de vista formal e simbólico, deixou de o ser.
Em segundo lugar, sublinha a supremacia que uma direção partidária incompetente confere à tácticazinha eleitoral em detrimento dos valores que estruturaram a identidade do PSD-Açores.Apetece perguntar, onde estava Humberto Melo quando a decisão foi tomada?
Em terceiro lugar destrói a coerência e a integridade de uma estratégia de campanha que se centrava no marketing ilusório de “região económica” e de “oportunidades para todas as ilhas”.
Em quarto lugar surge o aspeto mais escandaloso e verdadeiramente inacreditável. O PSD estabeleceu um acordo de incidência parlamentar que, levado à prática, representaria a abdicação da sua autonomia política. O disparatado “win-win” de Berta Cabral significaria a dependência do PSD em documentos estratégicos da maior importância, face a um deputado radical capaz de fazer greve de fome.
Esta precipitação do PSD representa um golpe com consequências eleitorais muito comprometedoras. Um partido com vocação de poder confronta-se sempre com um imperativo político óbvio: revelar ambição em vencer todos os círculos eleitorais.
A ilação a retirar desta sinistradecisão é simples de resumir: o PSD deu publicamente um claro e indisfarçável sinal de fraqueza.É mau demais para ser verdade.