Perante a austeridade e a consequente necessidade de cortar despesa, um autarca que anuncie o cancelamento de um espetáculo de fogo-de-artifício facilmente arranca um coro de aplausos.
Porém, em certos casos, como acontece em Ponta Delgada, a decisão sujeita-se a uma ponderação diferente.
Ponta Delgada é uma cidade que desde o ano 2000 teve um enorme desenvolvimento do seu sector turístico, fruto da política de incentivo ao investimento privado promovida pelo Governo Regional. A cidade tem o maior parque hoteleiro da Região, alguns dos hotéis mais modernos do País e o sector da restauração, e de animação, são fatores essenciais de dinamização económica.
Porém, a crise que afeta o País, e a dependência externa do Turismo, expôs o sector a enormes dificuldades. O Governo Regional compreendeu o problema e respondeu prontamente com diversas medidas de apoio aos empresários do ramo.
Uma das lacunas que persiste em Ponta Delgada prende-se com a época baixa. É necessário e urgente estruturar oferta neste período.
Ponta Delgada tem todas as condições para estruturar um cartaz turístico de passagem de ano.
Foi precisamente isto que, desde 2005, o PS tem proposto em Ponta Delgada. Os empresários do Turismo concordam e aplaudem a medida. O Governo regional, por sua vez, investe, e bem, largos milhões na promoção turística da Região no exterior.
A tudo isto a Câmara Municipal de Ponta Delgada tem respondido de forma tímida. É necessário que a Câmara Municipal invista mais no Turismo. Em termos comparativos a Câmara está na cauda do País. Basta pensar em Espinho, Cascais ou Albufeira.
É neste contexto que o cancelamento do espetáculo de passagem de ano em Ponta Delgada deve ser analisado. Deste ponto de vista é uma decisão errada e anunciada tardiamente.
O Presidente da Câmara de Ponta Delgada está perante uma prova de fogo. Ou demonstra que consegue lutar contra a crise, ou fica do lado dos que baixam os braços e culpam os outros. Até ao momento a coisa não tem corrido bem.