Passamos mais um Carnaval na Graciosa. Exatamente como aconteceu em todos os outros, logo houve quem se apressasse a tecer algumas considerações, tais como “o nosso carnaval já não é o que era”, “o carnaval está a desvirtuar-se a cada ano que passa”, “as roupas já são importadas”, “no meu tempo é que era bom”, etc.
Mas uma coisa é certa: na Graciosa fez-se mais um carnaval e cumpriu-se a tradição. Também se fez jus à fama do gosto que os graciosenses nutrem pela folia e confirmou-se, mais uma vez, que nos Açores não há carnaval como o nosso.
Apesar do fulgor destes dias, a ausência da RTP-Açores na cobertura do desfile do domingo gordo causou alguma estranheza, ainda para mais quando se soube que se tratou de uma decisão da nova direção daquela estação que nada teve a ver com questões financeiras, justificação agora muito em voga, já que as despesas têm corrido, desde há muito, por conta da edilidade graciosense.
Nunca escondi que não concordava com o modelo que aquela estação implementou para as ilhas que não tem delegações da RTP-Açores: se querem cobertura dos vossos eventos e das vossas tradições então paguem os encargos com as deslocações dos profissionais. Aliás, já o manifestei numa reunião de uma comissão parlamentar em que participaram os seus responsáveis. E a fundamentação é muito simples. Não me parece que a Câmara de Ponta Delgada pague alguma coisa para ter a cobertura das Festas de Santo Cristo, ou que as Câmaras de Angra do Heroísmo ou a da Praia da Vitória se cheguem à frente para terem as suas festas concelhias transmitidas por aquele canal. Então porque que teremos nós de pagar?
Num momento em que se esgrime argumentos com os centralistas para justificar a existência de um canal como garante da nossa autonomia regional, coisas deste tipo representam, de facto, um retrocesso.
Este já passou. Para o ano há mais.