A forma como reagimos ou nos comportamos perante um erro cometido é muito mais revelador da nossa personalidade e da nossa visão sobre os assuntos do que mil eloquentes discursos realizados.
Portas é, sem dúvida, um grande parlamentar e um enorme ator político, mas é, reconhecidamente, um “fingidor” incorrigível, esperto, que ziguezagueia na opinião e na apresentação dos valores apenas em busca do dividendo ou da sobrevivência política.
O Vice-Primeiro Ministro, na sua deslocação empresarial ao Canadá - onde o MAR é o principal assunto da agenda - fez-se acompanhar pela Ministra dos Assuntos do Mar, por vários Secretários de Estado, pela AICEP e por várias empresas, mas esqueceu-se de convidar o Governo dos Açores a estar presente.
Este facto é, por si só, revelador de uma conceção errada do Estado, onde as Regiões Autónomas têm um papel menor, apenas mencionáveis em elaborados discursos de campanha. Mas este “esquecimento”, para além de ser uma falta de respeito para com os Açores, é também uma prova de incompetência na diplomacia económica de Portas, pois dispensar o contributo da nossa Região numa visita de negócios ao Canadá é dispensar o contributo da maior parte da comunidade portuguesa radicada nesta região.
Mas Portas não resistiu a “inventar”! É da sua natureza tentar safar-se de um erro. Afinal, segundo dizia, o convite estava feito, não por ele, é certo, mas pela AICEP, não ao Governo dos Açores, é também certo, mas à SDEA e a outras empresas dos Açores.
A justificação de Portas faz-me lembrar a conversa do menino que se esquece de convidar o amigo para a sua festa de anos e justifica-se com o convite feito pela mãe ao primo. Ora o entendimento do Governo da República que um convite formulado pela AICEP à SDEA substitui a relação institucional e devida entre o Governo dos Açores e o Governo da República é, por si só, é uma menorização da Região.
Os Açores, tal como o país, mereciam menos truques e mais respeito.
Sempre a SATA
Temos assistido, nos últimos tempos, a um avolumar de queixas sobre a nossa companhia aérea. Arrisco-me mesmo a dizer que muitos consideram que a sua razão de existência pode estar em causa, face ao serviço e preço prestado e face à expectativa do que outras companhias aéreas poderiam fazer em sua substituição. Outros acusam-na de ser, simplesmente, um sorvedouro de dinheiro dos contribuintes e um instrumento político do Governo Regional. Até há uns outros, mais irresponsáveis, que especulam sobre a segurança de algumas aeronaves da companhia, sem ter um mínimo conhecimento de causa do que falam.
Ora a SATA é uma empresa transparente, auditada por entidades externas, com relatório e contas aprovados, com as manutenções das suas aeronaves em dia, que emprega mais 1000 trabalhadores qualificados que muito contribuem para a nossa terra.
A SATA apenas opera em duas rotas com restrições à concorrência, com indemnizações compensatórias do Governo Regional e da República para proteger o passageiro residente, as rotas inter-ilhas e dos Açores para o Continente e Madeira respetivamente. As rotas da Europa e da América do Norte para os Açores funcionam totalmente liberalizadas, voando, inclusive, em algumas destas rotas, companhias ‘low-cost’ para a Região.
A SATA teve durante o pico da época alta dificuldades na sua operação para a América do Norte, tal como a TAP também teve, inclusive, com aeronaves com mais idade. Mas também é verdade que o serviço tem vindo a melhorar e que até ao final do ano conheceremos o plano de negócios da companhia e de renovação da frota.
Se é certo que, nem sempre tudo correu bem, reconheçamos à nossa companhia o papel que teve e que continuará a ter na vida dos açorianos.
Façamos tudo para que isto aconteça!