Opinião

Crescer de forma sustentada

Noticiaram recentemente os órgãos de comunicação social que a taxa de desemprego voltou a cair na Região. Uma pequena descida, mas que comporta em si o significa do esforço que tem sido feito para que esse fatídico número continue a baixar. Não há motivos, contudo, para festas. Há ainda muito trabalho a fazer para que a taxa de desemprego na Região baixe de forma contínua e sustentada. As medidas de fomento da atividade económica que têm sido implementadas nos Açores têm como objetivo primordial o crescimento da nossa economia, um crescimento que seja sólido e que não se desmorone à primeira brisa que sopre do exterior. Por mais que algum comentador queira maquilhar essa realidade, ela é inegável: os Açores estão irremediavelmente sujeitos às condições económicas nas quais se move o nosso país, sendo por elas diretamente afetados. Não há que fugir nem negar que o que se passa na República tem reflexo na nossa Região. Não há cá sacudidelas de capote: este é um facto indiscutível. Subir muito para depois cair a pique não é a melhor política. Crescer progressivamente, de forma segura, será sempre a melhor opção. Os indicadores que a economia nos Açores nos tem dado apontam exatamente para isso: que aos poucos, e solidamente, estamos a conseguir ultrapassar adversidades. A custo, mas com muito trabalho e muita dedicação das pessoas, dos empresários, do poder político. O nosso crescimento tem sido um trabalho contínuo e de equipa. Vemo-lo pelo crescimento da população empregada nos Açores, face ao trimestre anterior, o maior dos últimos 16 anos. Vemo-lo pelo número de empresas que abrem na Região e que, progressivamente, vão gerando emprego. E vemo-lo pelo elevado número de candidaturas aos sistemas de incentivos que, com mais de 300 novos projetos de investimento apresentados, representa o maior volume desde há 10 anos a esta parte. Estes dados são o espelho do empenho dos açorianos que não descansam enquanto não vencem as adversidades. Podemos regozijar-nos com o facto de nos Açores se abrirem quatro empresas por cada uma que feche. Mas enquanto esta equação não mudar, enquanto houver sempre “uma que feche”, a luta não pode parar. É verdade que enquanto houver um açoriano desempregado, o desafio de mudar o estado das coisas manter-se-á sempre. Temos um longo caminho à nossa frente. Mas para isso requer-se a participação de todos. Neste contexto, a mentalidade da irrequietude, da insatisfação e do querer sempre mais e melhor deve acompanhar cada passo que o poder político dá no trabalho em prol dos açorianos. Não é suficiente a adoção da postura crítica e maldizente, vã de qualquer proposta, que se escude na desculpa do “vocês é que são Governo, amanhem-se”. A saúde da nossa economia depende do trabalho que nela se imprimir, pelos seus mais variados intervenientes. É inegável que o trabalho desenvolvido pelos responsáveis políticos na Região, face a uma crise económica internacional que teima em fazer-se refletir em muitos aspetos da nossa vida, tem sido notável, aos mais diversos níveis. Com teimosia e abnegação os resultados positivos têm-se feito sentir, ainda que uma contínua persistência seja necessária para que eles sejam ainda mais visíveis e de forma mais rápida. Mas o entendimento de que esta construção do futuro deve ser sustentada e sólida é essencial para que, ao fim do dia, não lhe acompanhe o sentimento de que são trabalhos de Sísifo.