A Associação dos Municípios da ilha de São Miguel (AMISM) lançou, recentemente, um concurso público internacional para a construção de uma central de incineração de resíduos.
O investimento tem um custo estimado de 68 milhões de euros, sendo 85% financiado por fundos comunitários. De entre os equipamentos a instalar destacam-se: um parque de valorização orgânica de matéria-prima obtida seletivamente; Uma central de triagem de terceira geração capaz de tratar 3 toneladas/hora de resíduos, obtidos em recolha seletiva; e uma incineradora com capacidade para promover a valorização energética de 90 mil toneladas de lixo por ano.
O anúncio reacendeu críticas alicerçadas em pressupostos errados. Os detratores do projeto recorrem a argumentos que retiram realismo e rigor a uma discussão que deve ser clara e inequívoca.
Não é verdade que quem seja contra a solução defendida pela AMISM seja ambientalista e que quem esteja a favor não tenha consciência ambiental. No mundo real as coisas nunca são assim tão simples.
Na Europa existem 472 incineradoras que processam no total 77 milhões de toneladas de lixo por ano. Nesses locais ninguém critica a incineração porque não há razões para isso.
São Miguel não pode apostar indefinidamente numa solução de tratamento de lixo baseada em aterro sanitário, conforme acontece atualmente. Os custos ambientais, paisagísticos e financeiros seriam incomportáveis.
A realidade demonstra que as empresas gestoras das centrais de incineração desenvolvem grandes projetos de reciclagem e de valorização de resíduos. Os países com maior percentagem de incineração são os que apresentam maiores taxas de reciclagem.
No caso de São Miguel há ainda um argumento adicional. A futura incineradora terá capacidade para produzir 10% da energia elétrica consumida na Ilha. Ou seja, poupam-se muitos milhões de euros ao evitar importar fuel e ainda se reduz a emissão de gazes de estufa decorrentes da queima desse combustível na geração elétrica. É caso para se dizer que a incineração é a pior das soluções, se excluirmos todas as outras.