Opinião

Ainda as Lajes

Volto às Lajes. O assunto queima as mãos. Deve ser por isso que o inefável Machete disparata. Quanto ao primeiro-ministro saiu de cena. Mas a peça tem mais atos. Regressará ele para assumir, como lhe cabe, o papel de protagonista? Uma questão emergente para o país, que não afeta apenas a ilha Terceira, não justificaria uma palavrinha sua? Ou a negociação com os americanos já está fechada, e as contrapartidas para o país arrecadadas, e não vale por isso a pena ocupar-se disto, ou é, no mínimo, bizarro. Deixa na mão de Machete a gestão do dossiê mais quente do momento. A ligeireza como o Governo deste país tem tratado esta questão é difícil de engolir. Recatado nos comentários, comprometido com a inércia. Assobiando para o lado quando o assunto são os Açores. Se é verdade que é Portugal, enquanto país, que é o verdadeiro sujeito da negociação com os EUA, não saberá o ministro que é, sobretudo, por via da Base das Lajes que essa relação existe e perdura? O Plano de revitalização económica da Terceira, agora apresentado, traça um quadro de medidas exequíveis com vários níveis de intervenção, desde logo o dos responsáveis diretos, como a administração americana e o Governo da República, mas também com a intervenção do Governo Regional e dos municípios da Terceira. O Plano propõe que os Estados Unidos financiem um programa de apoio estrutural à ilha na ordem dos 167 milhões de euros anuais, durante 15 anos, atendendo a que foi no interesse do país como um todo que a base foi cedida. Se falhar a intervenção dos Estados Unidos é ao Governo da República que caberá, em primeira instância, agir. Mas, e se os EUA não estiverem dispostos a fazer o que lhes compete, e o Governo do país se encolher no cumprimento das suas responsabilidades, e deixarem nas mãos da Região a resolução dum problema que, sendo do país, ocorre concretamente e com os efeitos dramáticos expectáveis, numa parcela, para ele distante, do território nacional?