A apresentação do “Business Plan” do grupo SATA suscita um conjunto de questões conexas pertinentes.
Pode uma pequena empresa pública regional de transporte aéreo prosperar com o atual modelo de negócios que a indústria da aviação instituiu e com a regulação comunitária em vigor? Pode ao menos resistir e manter a sua atividade? Em que termos? Com que frota, modelo logístico, meios técnicos e quadro de pessoal? Com que estrutura, suporte financeiro e modelo de gestão? Com que parcerias e alianças? E com que posicionamento comercial face à concorrência?
Eram estas as questões que deveriam nortear o debate que se instalou sobre a SATA mas infelizmente os partidos da oposição preferem apenas debater o passado.
O posicionamento da oposição não corresponde às exigências do momento. Perante o dilema de discutir o passado ou preparar o futuro, toda a oposição fez a primeira escolha. Confrontados com o desafio de ajudar uma empresa estratégica a vencer no futuro, toda a oposição optou por proclamar banalidades - e tontices - e propor uma comissão de inquérito para apurar o que consta nos relatórios anuais de atividade do grupo SATA. A proposta é uma confissão pública da desatenção e da incapacidade política da oposição.
A situação difícil que a SATA atravessa só surpreende os distraídos. A indústria da aviação vive um processo permanente de consolidação global que gerou mega alianças planetárias como a Star Alliance e a Oneworld. O cenário pós 2008 precipitou um modelo de negócios do transporte aéreo em que coexistem grandes companhias consagradas, dedicadas sobretudo à alimentação dos grandes aeroportos internacionais e ao longo curso, com as transportadoras low-cost, focadas nas ligações ponto a ponto de médio curso.
No contexto atual a grande dimensão é poder. Proporciona escala, permite a redução de custos, assegura a competitividade e garante a sustentabilidade das empresas. Neste mundo selvagem, dominado pelos grandes e fortes, uma pequena companhia regional só tem uma opção: consolidar a sua vocação de génese e explorar nichos de mercado. É este o futuro que a SATA tentará perseguir.