Opinião

Lajes

O dia 9 de Janeiro de 2015 é um dia negro na relação bilateral entre os Estados Unidos e Portugal. A forma como foi feito o anúncio de uma redução de 500 trabalhadores portugueses da Base das Lajes é uma notícia muito negativa para Portugal, com um impacto muito negativo na Praia da Vitória, na Ilha Terceira e nos Açores. Agora, espera-se uma mobilização forte e rápida do Estado Português na defesa dos nossos interesses. Precisamos de uma resposta rápida e eficaz, sem meias palavras e sem meias medidas. A minimização dos impactos desta decisão deve ser a prioridade das prioridades. E aqui, o Estado Português e os Estados Unidos têm especiais responsabilidades. Não é aceitável levar a cabo uma redução desta dimensão e defender que tudo fique na mesma na relação entre Estados. Não é aceitável tomar esta opção e esperar que palavras de circunstância cheguem para amenizar o desagrado e os impactos nefastos que esta redução terá na economia da Ilha Terceira e nos Açores. Governo Norte-americano e o Governo Português têm de olhar para a Ilha Terceira com especial atenção, minimizando os impactos desta decisão, quer na vertente laboral na análise à situação de cada um dos trabalhadores portugueses, quer no investimento público na Ilha que permita amenizar estes impactos. Aliás, medidas de exceção para zonas atingidas por problemas excecionais não são inovadoras a nível nacional. Recorde-se, por exemplo, a mobilização de recursos públicos do Estado, aquando das intempéries no arquipélago da Madeira. Com as devidas diferenças sobre o que está em causa e os seus impactos, a verdade é que também se tratou de um fenómeno de exceção com impactos negativos excecionais. Tratou-se de um pacote de ajudas financeiras do Estado Português, para amenização dos prejuízos, na ordem dos 740 Milhões de euros. Cerca de 260 Milhões de euros através do Banco Europeu de Investimento, 265 Milhões através do Fundo de Coesão, 200 Milhões de euros diretos do Orçamento de Estado e 15 Milhões de euros do Instituto Nacional de Habitação. Agora, não está em causa uma catástrofe natural como aconteceu na Madeira, mas pode estar em causa uma catástrofe económica que exige, também, um grande nível de esforço financeiro que minimize os prejuízos desta situação. Precisamos, por isso, do empenho de todos e de respostas do Governo da República sobre esta matéria. Estranhamente, aguarda-se ainda marcação de audiência entre o Primeiro-Ministro e o Presidente do Governo dos Açores sobre a Base das Lajes, apesar de ter havido “espaço” na agenda de Passos Coelho para receber o recém-eleito líder do PSD Madeira. Esperamos que seja apenas coincidência…