O estado - com a intenção de conter a fuga aos impostos, combate que já tem alguns anos - utiliza a informação cruzada como uma das armas que leva aos cofres do estado muitos milhões de euros que, de outra maneira, não seriam cobrados.
Ao fisco juntou-se também a segurança social que tem vindo a recuperar muitas contribuições que estavam perdidas ou, pelo menos, classificadas como de cobrança difícil.
Se juntarmos a isto o combate à lavagem de dinheiro que provém de atividades ilícitas, pode-se concluir que este caminho impõe alguma justiça contributiva e aumenta, em muito, as receitas do estado.
Este cenário aparentemente certinho leva-nos a outras questões que, pelo menos em termos humanos, fazem-nos pensar.
Não obstante alguns avanços na máquina fiscal, neste governo de direita, que dirige o país desde 2011, grassa a insensibilidade social. Impôs cortes nos rendimentos das famílias e das empresas e implementou reduções nos direitos e benefícios que foram conquistados no alvor da democracia em Abril de 1974.
Esta política atirou para a pobreza milhares de pessoas, assim, de um dia para o outro, sem contemplações. Esta franja a quem o Estado Português apertou o cinto, está a perder casas e outros bens por incumprimento das suas obrigações fiscais e de outra índole.
Sempre houve penhoras ao longo dos tempos para a execução de diversos tipos de créditos, mas o que está a acontecer comprova que a autoridade tributária, para além de ter ganho alguma eficiência, denota grande frieza na execução de penhoras de bens de imóveis por dívidas de valor irrisório.
As propostas legislativas apresentadas na Assembleia da República que visavam impedir que tais situações acontecessem, foram chumbadas pelo PSD e CDS-PP.
Prevê-se, assim, que a escalada das penhoras por dívidas continue, mesmo aquelas em que o seu baixo valor não justificam uma atuação tão drástica.