Opinião

Da possibilidade à realidade

1 - A Ribeira Grande acolhe, desde o passado dia 29 de março, o “Arquipélago” – Centro de Arte Contemporânea. Para quem desde sempre conheceu aquele espaço, contemplando a majestosa chaminé em pedra negra em cada passagem pela Rua Adolfo Coutinho de Medeiros (ou o Cabo da Vila, como muitos ainda chamam), é refrescante entrar naquele antigo novo espaço e respirar a História que ficou e aquela que agora se irá criar. É muito bom constatar a descentralização do investimento na Cultura. Somos nove ilhas, uma imensidão de locais maravilhosos a descobrir e a neles investir. O “Arquipélago” junta-se, assim, aos muitos investimentos que estão a ser realizados a nível da defesa e valorização do património arquitetónico e cultural dos Açores, tais como a conclusão da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, o restauro e da remodelação do Núcleo de Santo André do Museu Carlos Machado, a intervenção no Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, destinado ao projeto da Casa da Autonomia. O investimento estende-se a Santa Maria, no museu, na torre e no cinema do aeroporto, à Terceira, no antigo hospital da Boa Nova, ao Pico, com a criação de um Núcleo Museológico da Construção Naval em Santo Amaro, entre tantos outros projetos que neste momento se encontram desenvolvimento, no domínio da Cultura. Os Açores passam, deste modo, a ter como oferta ao público um Centro de Arte extraordinário, que alia o passado ao presente no sentimento da contemporaneidade. É agora tarefa primeira o dar vida àqueles espaços, enchê-los de criatividade, de sons, imagens, cheiros e gente. A expectativa é elevada. Já nos jornais nacionais se faz notícia deste novo equipamento cultural e a curiosidade que o mesmo tem gerado é notória. O posicionamento dos Açores, de verdadeira ponte entre continentes, pode e deve ser uma mais-valia para o desenvolvimento das atividades culturais que se projetam para o “Arquipélago”. Espero que este novo Centro seja um polo aglutinador de pessoas, ideias, de sentimentos comunicados de formas diversas, aberto a todos os tipos de expressão e acessível a todos os artistas, tanto “cá de dentro” como “lá de fora”, como verdadeira representação daquilo que também é a Arte: o diluir de todas as barreiras que separam os Homens, um berço de criatividade que vá da possibilidade à realidade. 2 –Porque nem só de Cultura vivem os Homens, e especialmente os Açorianos, que se veem abençoados com uma Natureza magnífica e em muito incomparável, é gratificante ver que o nosso Ambiente continua a ser aposta e a sua preservação um objetivo contínuo de quem governa. É o verde das nossas pastagens e das nossas árvores que melhor nos caracteriza, a par das belezas das nossas lagoas, falésias e fajãs, entre tantos outros tesouros naturais que tão incomparável rosto dão aos Açores. São eles que nos atribuem uma identidade única e reconhecida no Mundo. Com a nova conjuntura em que os Açores se movem, no âmbito das novas obrigações de serviço público de transporte aéreo, urge que a salvaguarda e manutenção do nosso património ambiental continue a ser sempre uma prioridade inultrapassável e que quem nos visita saiba também velar pela sua boa e permanente conservação. Todos temos esperança que o Turismo nos Açores cresça, criando emprego e ainda mais desenvolvimento. A perspetiva é positiva e esperemos que assim se mantenha. No entanto, tenho também esperança que continuemos a saber salvaguardar aquilo que nos é mais característico, aos mais diversos níveis, sabendo ser um destino turístico que não se dilui mas que se mantenha sempre genuíno e fiel a si próprio, protegendo e continuamente valorizando aquilo que é, e esperançosamente sempre será, intrinsecamente nosso.