O PSD-Açores apresentou, finalmente, o seu cabeça de lista e o restante elenco de candidatos às próximas eleições legislativas nacionais pelo círculo regional dos Açores. O anúncio confirmou o que já era evidente. Duarte Freitas e o PSD-Açores vergaram-se às exigências de Passos Coelho e do PSD nacional. A interferência clara da direção nacional do partido na “distrital” dos Açores procurou manter as aparências. O saneamento político do Dr. Mota Amaral foi precedido da informação que o PSD concorrerá na Região com listas próprias. A forma também valeu mil palavras. Duarte Freitas leu o comunicado de imprensa numa tribuna rodeado por mais de vinte dirigentes do PSD-A. O significado foi óbvio. Perante a agitação das bases do partido em São Miguel, a rendição a Lisboa foi caucionada por todo o estado-maior laranja, que se prestou a fazer de escudo humano na submissão de Freitas a Passos Coelho. A escolha do cabeça de lista do PSD-Açores revela uma opção política de fundo que define muito mais do que apenas o rumo que o partido seguirá até Outubro. Interessava avaliar se o PSD-A se afirmava autonomamente como um defensor dos Açores, através da candidatura do Dr. Mota Amaral, ou se se conformava perante a vontade da direção nacional do partido, apostando em Berta Cabral. A questão assumia mesmo uma importância vital na identidade presente e futura do PSD-Açores - algo que fica ainda mais comprometido pela estranha ausência, numa lista com 10 elementos, de qualquer candidato do Grupo Ocidental. Berta Cabral tem a desvantagem de estar totalmente colada à governação nacional de Passos Coelho e a sua candidatura assinala grandes incoerências. Num ápice passou do “acham que tenho alguma coisa a ver com Passos Coelho?” a defensora fundamentalista do seu atual chefe no Governo. E a idade e o percurso que apresenta, com mais de trinta anos de cargos políticos ininterruptos, inviabiliza Berta Cabral como uma protagonista de qualquer renovação. Muito pelo contrário, Berta Cabral é uma candidata de continuidade e está contaminada pela austeridade.