A realidade e a perceção “mediática” da conjuntura nem sempre andam a par. É habitual que assim seja: cruzam-se na interpretação das realidades asperceções dos intérpretes motivadas pelos seus interesses, sejam eles corporativos ou até partidários.
É do interesse de um partido político, como nos casos do PSD ou do BE, propagandear um quadro de crise económica e social generalizada na Região, pois essa perceção negativa sobre a atividade do Governo, beneficia, obviamente, o seu interesse de ocasião.
Da mesma forma que uma Câmara de Comércio nos Açores, ou uma organização representativa de um sector de atividadesocio profissional, quando salienta a necessidade de apoio a um determinado sector ou as dificuldades de uma área em particular está a – nos casos em que age com boa-fé - cumprir o seu dever de alerta e ou reivindicação perante o Governo.
Mas essas manifestações devem estar minimamente alinhadas com a realidade, pois podem correr o risco de se tornar caricatas perante os seus destinatários e falhos de credibilidade em geral.
Manifestamente em algumas reações/reivindicações fica no ar essa sensação de que muitas dessas organizações e pessoas dizem porque acham conveniente dizer e não porque pensem como dizem.
Não se percebe como determinados partidos falam de um plano inclinado de degradação e crise, quando a atividade económica cresce nos Açores 4,2% no último ano e o desemprego desce nos Açores, no último trimestre, acima da média nacional para 14,8%
Tal como não se percebe que uma Câmara de Comércio se queixe da baixa do turismo numa ilha, quando a realidade afirma exatamente o contrário este tenha crescido, 13,4%.
E não só. Que significado pode ser atribuído, em abono da verdade, a indicadores como os que se seguem, se não o do sentido de uma melhoria significativa? Como se pode empurrar para baixo o que está a caminhar para cima?
O crescimento do turismo nos Açores no primeiro trimestre de 2015 foi de 23,8%;
O crescimento de passageiros nos aeroportos dos Açores no primeiro trimestre de 2015 foi de 19,5%;
O crescimento do número de edifícios licenciados nos Açores no primeiro trimestre de 2015 foi de 10,1%;
O crescimento do leite entregue nas fábricas no primeiro trimestre de 2015 foi de 12,7%;
O crescimento da venda de automóveis ligeiros (pelo 8º trimestre consecutivo) no primeiro trimestre de 2015 foi de 38,8%;
O crescimento da saída por via aérea de peixe fresco (exportações) no primeiro trimestre de 2015 foi de25,4%;
O crescimento da constituição de empresas nos Açores no primeiro trimestre de 2015 foi de 5,8;
A diminuição de dissolução de empresas nos no primeiro trimestre de 2015 foi de (-38,1%)
O crescimento de pagamento de serviços por multibanco no primeiro trimestre de 2015 foi de 5,48%.
Aos olhos e ouvidos de quem quiser ver e ouvir, sem fechar os olhos nem tapar os ouvidos, custa ouvir dizer o contrário do que se está a ver.