A Economia é epistemologicamente uma ciência social, pese embora etimologicamente alicerçada em “regras da casa” que podem estar mais ou menos fendidas com a filosofia positivista. Por isso, as análises de custo benefício têm grandes fragilidades e limitações. Não se conhece fórmula que traduza em termos monetários todos os efeitos associados a uma decisão sobre projetos públicos em que os efeitos coletivos dificilmente são divisíveis. Até para Samuelson e Nordhaus há pressupostos teóricos tanto mais questionáveis quanto procuram sustentar critérios de intervenção na sociedade cuja complexidade lhes escapa. A fragilidade de análises ortodoxas de custo-benefício revela-se na incapacidade de compreender motivações em contexto, valores sociais e morais que enformam decisões públicas. O preço não é assim a única medida de valor e, por outro lado, os fins da ação não são necessariamente fixos e pré-estabelecidos. Melhor seria se a economia, vista como ciência política e moral, contribuísse para alimentar a imaginação social de modo a superarem-se muitos problemas sociais que hoje implicam opções contra a dignidade humana.
Os custos com as SCUTs ficaram abaixo do inicialmente previsto, o que é caso único em todo o país. Não se percebe a fixação recorrente de algumas doutas personalidades e organismos com invetivas redutoras. Aliás, sem o cuidado devido com as análises de custo-benefício nos Açores, por absurdo, poderíamos até concluir que rentável para quase todas as nossas ilhas seria continuar na indigência social ou até despovoar ou “fechar” algumas ilhas. Subscreve-se que precisamos de novas receitas, por exemplo, dos 880 mil milhões de euros estimados dos fundos marinhos cuja maior quota está no nosso território, talvez com mais políticas agressivas no sentido de novas parceriascom os EUA ou mesmo com a China.
Quanto às SCUT´s, elogio em boca própria é vitupério mas, a maior obra pública dos Açores, quando salva vidas que chegam mais depressa ao Hospital, quando melhorou os índices de sinistralidade, aumentou o conforto e a qualidade de vida e transfigurou positivamente S. Miguel em termos de modernidade, cumpre a sua missão social. Este bem público inscrito em orçamentos equilibrados servirá esta e as próximas gerações. A história política está cheia destes exemplos. No Fontismo o caminho-de-ferro entre Lisboa e o Porto seria dispensável para quem defendia o velho barco entre estas cidades…São os custos e os benefícios da história!