Imaginemos um partido político nos Açores da oposição, com um líder em dificuldades, que inaugura, no último ano e meio, uma nova forma de fazer política a que eu chamo de “blitz polítik” ou se preferirem “política relâmpago”.
Esta inovadora estratégia - que seria concebida, certamente, por um génio da comunicação do continente contratado ao adversário, uma espécie de Ben Johnson dos Spin-doctor’s - consiste em atingir o eleitor médio, a todo o momento e de uma forma massiva, com mensagens políticas que antecipem boas notícias ou que satisfaçam determinados sentimentos da opinião pública, de tal maneira que o cidadão, assustado, não tenha outra hipótese que não votar neste partido. Os adversários - tal como os polacos noutros tempos - surpreendidos talvez mais pela rapidez da tática, do que pela tática da rapidez, assistiriam derrotados ao passeio do vir triumphalis rumo ao Palácio de Sant’ana.
Tracemos o perfil deste hipotético líder partidário: um homem voluntarioso e ambicioso, mais próximo do perfil de Berta Cabral do que de Vítor Cruz, mas que não é, certamente, um reformista ou um inovador na forma de fazer política, o que implica que tenha de aprender ou pelo menos ensaiar estas novas artes...
E imaginemos o que poderia acontecer:
A primeira tentativa do “repentismo ”mediático é traumática! A ausência de ensaio provoca que o líder partidário, na pressa de se antecipar a outros, anuncie que reuniu com um político americano...falecido na semana antes.
A rapidez é necessária em política, demasiada, corre mal, talvez para a próxima convenha verificar antes, se o interlocutor está vivo.
O partido opta por não correr mais riscos, reunir com mortos e defesa acérrima da prospeção de petróleo nos Açores, pouco tempo antes, não tinham sido bem aceites na opinião pública. A partir de agora, o partido só faz anúncios ou reclamações que sejam favoráveis em termos de aceitação pública e que não possam ser desmentidos no curto prazo.
Informados de que o Governo Regional iria chegar a acordo com o Governo da República sobre o novo modelo de acessibilidades aos Açores, o líder partidário viu a oportunidade, e rapidamente antecipou-se na reclamação para si da autoria da tão desejada reforma.
A prole rejubilou - o caminho era este! - o Olimpo estava à vista, finalmente tinham anunciado algo que viria a acontecer, mesmo que não tivessem nada com o assunto.
O líder partidário poderia agora especializar-se! Bastava que fizesse o mesmo num anúncio de descida de impostos nos Açores ou na ida de empresas low-cost para uma determinada ilha do arquipélago.
Um problema menor surgiria a seguir, pois o partido teria de apresentar algumas ideias suas e ir satisfazendo os interesses locais dos barões do partido à medida que fossem surgindo.
Mas para isso, o partido volta a jogar pelo seguro: fomentar o emprego através da saída do Governo dos Açores da economia regional, não poderia ser mal acolhido na opinião pública.
O grande problema dessa ideia é que ela era um pouco contraditória com o facto deste partido da oposição sempre ter acusado o executivo de não ter tido intervenção o suficiente na economia regional…
Adiante!
Algo que seria sempre bem aceite por alguma opinião pública seria criticar o Governo dos Açores pela gestão da SATA, por exemplo, por ter, permitido a escolha de uma frota interilhas sobredimensionada que, supostamente, anda vazia.
Mas o Partido e o seu líder não descansam e, quando confrontados, por pressões dos barões locais, pela dificuldade em conseguir lugares na SATA no interilhas pelo facto dos aviões estarem cheios, rapidamente dispara: “é preciso mais voos com lugares disponíveis…”
Ainda bem que isto é apenas imaginação.
Imaginem agora que este partido governava os Açores…