Na Região, uma das surpresas que se verificaram com as candidaturas ás próximas eleições para a Assembleia da República foi a formalização da coligação entre o PPM e o CDS-PP dos Açores.
O anúncio desta aliança contra-natura deixou estupefactos os militantes do CDS. Todos perceberam o profundo desagrado com que Artur Lima reagiu à decisão do PSD-Açores em não aceitar uma coligação com o CDS-PP na Região. Porém, ver o presidente do CDS-PP apresentar uma aliança com o PPM uma semana depois de terminar o congresso regional do CDS - o órgão próprio para discutir essa proposta - é no mínimo estranho. Estranheza só ultrapassada pela declaração bizarra de Felix Rodrigues de que era o único candidato não comprometido com a governação nacional.
Tudo começou com a decisão de Duarte Freitas de não replicar nos Açores os exatos termos da coligação nacional entre o PSD e o CDS. Depois de Passos Coelho impor ao PSD-Açores Berta Cabral como cabeça de lista, Duarte Freitas criou a ilusão de autonomia estratégica ao apresentar o PSD-A a eleições sem nenhuma aliança. Ninguém quer ter nada a haver com a coligação entre Passos e Portas. Tudo isto é uma verdadeira salgalhada de incoerências mas são estes os dados que estão lançados.
Perante este quadro, o CDS nos Açores e o PPM deparavam-se com o receio evidente de terem pesadas derrotas a 4 de Outubro, resultados que comprometeriam a forma como ambos se apresentariam a votos daqui a um ano nas eleições regionais. A circunstância era, assim, propícia a uma coligação de fraquezas.
Nas últimas eleições europeias o PPM obteve 0,72% de votos nos Açores. Foi o décimo partido com menos votos que o PAN, PDA ou mesmo o MRPP.
O caso do CDS é diferente. Nas ultimas legislativas nacionais, em 2011, nos Açores, o CDS não elegeu um deputado por poucas centenas de votos. O problema é que as circunstâncias de 2011 são irrepetíveis. Como precaução para o futuro o CDS também precisou de encontrar um álibi.
Até outubro muita coisa poderá acontecer, até poderemos vir a conhecer um programa político com substância da parte da Aliança Açores. Todavia, até agora, o que se pode constatar é que a coligação entre o CDS e o PPM é mais do que um arranjo de conveniências. É uma verdadeira aliança de medos e fraquezas.