A responsabilidade de escrever a primeira página do diário pessoal é algo que raramente se esquece. Os rituais de ano novo são por isso momentos solenes. Mesmo que esta solenidade seja uma coisa estritamente pessoal. Vejamos. Porque se debatem as pessoas com a responsabilidade de estabelecer objetivos no início do ano quando o poderiam fazer todos os dias? Porque é mais fácil fazê-lo na folha limpa. No momento, mesmo que apenas imaginário, de recomeço. E os recomeços tem a vantagem de ser desprendidos. De exigirem de nós um afastamento em relação ao que foi para nos dedicarmos ao que é, ou ao agora é que vai ser. E o que queremos que venha a ser tem sempre muito mais força. Dedicamo-nos a isso. Mantemos o foco. O grande problema é o momento em que o foco se perde, e algures dentro de nós suspeitamos que inevitavelmente tenderá a perder-se. Porém, as metas iniciáticas que o primeiro dia do ano invoca são úteis, nem que seja porque, por uns escassos dias, estamos determinados a atingir um determinado objetivo. E o que trará 2016? A vidente búlgara previu que os jihadistas vão tomar a Europa de assalto e que ela deixará de ser tal qual a conhecemos. Como ela previu o tsunami de 2004 e os atentados do 11 de setembro toda a cautela é pouca. Mas essa previsão atendendo aos acontecimentos recentes é uma decorrência lógica. Em 2016 recuperaremos os feriados e as partes perdidas do ordenado, de resto ainda traz muitas incertezas na política nacional, mas também uma feliz certeza, de que qualquer que venha a ser o eleito teremos um melhor presidente da república do que o atual. E a quem nos poderemos vincular emocionalmente. O que não serve para muito, mas sempre vai sendo melhor que a indiferença atual. Suspeito que a previsão da búlgara acerta quando vaticina que a Europa não voltará a ser como hoje a conhecemos, mas isso também já tínhamos percebido desde 13 de novembro. Bom ano!