Nada nos move contra a pessoa. Quanto ao cargo, em nada ele nos comove. Entendeu o Representante da República (Rep da Rep) despedir-se dos açorianos em jeito de “recadinhos de finados de ano” e de mandato. Uma das virtualidades da figura, ainda constitucional, é a sua ausência da vida pública açoriana. Quando a maioria destas personalidades se “notabilizaram”, geralmente, fizeram-no por más razões. Enviar para o Tribunal Constitucional o Orçamento dos Açores foi ato falhado e insólito do último Rep da Rep.O silêncio e os discursos anuais dos Rep da Rep justificam bem a sua inexistência política. O esvaziamento dos seus poderes corresponde a um gradualismo do desaparecimento desta “excrescência centralista constitucional”. Chegou a hora de, em próxima revisão constitucional, resolver esta questão, onerosa e inútil, ou, como bem dizia Montalverne Sequeira “o esterilizante centralismo”…
A última comunicação do Rep da Rep foi paupérrima. Base das Lajes, quotas leiteiras, corte de verbas do ex-governo da República para os Açores, serviços do estado na Região, cortes de verbas para a Universidade dos Açores, negação de ajuda de Passos Coelho às calamidades dos Açores, definhamento da RTP/Açores, prenúncio de novos corsários do nossos mar …foram temas, em que nunca vislumbrámos uma tomada de posição, uma diligência visível do Rep da Rep.Parafraseando o seu discurso seriam ou não estes os “problemas de ordem estrutural” que têm de ser enfrentados com “determinação e ambição”? Como diz o Rep da Rep num trecho do seu discurso “infelizmente ainda persistem nos Açores, consequência e causa de uma inércia imobilizadora que teima em não se dissipar”.Auto retrato dos sucessivos mandatos dos Rep da Rep ou ironia das ironias?!
A impotência política do cargo justificaria uma despedida ou “saída de mansinho” como foi o timbre da sua atuação. Porém, aconselhado, quiçá, por algum conselheiro Acácio, o Rep da Rep lá foi lendo um discurso com recados disfarçados de reptos. O pecado é original: em vez de um Ministro ou de um Rep da Rep nos Açores, quanto muito deveríamos ter tido um Ministro ou um Representante dos Açores na República…Hoje, não precisamos de nenhum deles…Os açorianos desejam ao Rep da Rep o melhor em 2016, e, politicamente, sem acrimónia nem saudades, que tenha uma boa viagem até à República.
Mais- Nóvoa no debate com o Menos - Marcelo