Sempre a olhar para trás!
O percurso político de Duarte Freitas não tem corrido bem desde o início da sua liderança no PSD. Não conseguiu ganhar uma única eleição a que o seu partido concorreu, - com uma derrota histórica nas eleições autárquicas – substituiu a retidão política do seu líder histórico, Mota Amaral, na Assembleia da República, por alguém que simbolizasse uma renovação mais compatível com o seu estilo, como é Berta Cabral, falhou na capacidade de propor alternativas de políticas ou de chegar a consensos com o Governo dos Açores, teve insucesso na capacidade para influenciar o seu partido a nível nacional e fracassou na habilidade de evitar um PSD/Açores que prime pelo ataque pessoal aos seus adversários. Temos, portanto, um PSD dos Açores, sempre a olhar para o passado em vez de discutir o futuro.
Os “Passos” do PSD estarão certos?
Os desafios do futuro estão à porta: os mercados de destino da exportação dos nossos laticínios estão fechados ou em recessão, o que cria muitas dificuldades à nossa agricultura; a escassez de peixe e, em alguns casos, o seu baixo preço em lota, também não trazem facilidades ao setor da pesca; o sucesso da revolução efetuada pelo Governo dos Açores nas acessibilidades aéreas para e dentro da Região gera novos desafios para o nosso setor turístico; temos eleições regionais em outubro; e, eleições autárquicas no próximo ano.
De tudo isto temos ouvido Vasco Cordeiro e António Costa falar e propor.
Mas que dizer do que conseguiu e disse Duarte Freitas? Uma desilusão!
O novo xadrez político na República poderia significar também uma oportunidade histórica para o PSD/Açores se afirmar como uma força com influência nacional, que consegue colocar os temas da nossa Autonomia na agenda de Passos Coelho. Na moção de Passos Coelho ao congresso nacional do PSD a palavra “Autonomia” aparece quatro vezes, sendo que em apenas dois dos casos se refere às “Autonomias Regionais”.
Às vezes as menções são poucas, mas com significado, o que não é o caso desta moção de Passos Coelho, pois as únicas referências, em poucas linhas, às Regiões Autonomias estão relacionadas com os transportes aéreos e com as eleições Regionais.
Do nosso mar? Nem uma breve onda. Da nossa agricultura? Não conseguimos distinguir “nem trigo, nem joio”. Da nossa Autonomia? Um vazio total.
Com pressa o líder dos sociais-democratas açorianos veio “emendar a mão” referindo-se, tardiamente e fora do contexto da discussão central do congresso, a esses assuntos.
Mas a ausência de conteúdo do PSD/Açores sobre estas temáticas é largamente compensada pela manifesta obsessão em matéria de transportes aéreos. Foi de tal maneira, que conseguiram, nestes últimos 6 anos, ter várias posições sobre o assunto: já foram a favor da melhoria do anterior modelo; já estiveram disponíveis para utilizar fundos regionais para baixar tarifas aéreas; e, “suspiraram”, ansiosamente, pela liberalização aérea da Madeira para todos os Açores.
Uma cidade sem liderança
A vontade por mostrar paternidade do atual modelo de acessibilidades foi tal que resolveram visitar, apressadamente, um bom exemplo de investimento hoteleiro na nossa terra, que está a beneficiar com os voos low-cost. Contrariamente ao propósito da visita, depararam-se com a realidade: os maiores entraves à construção e viabilização daquela infraestrutura foram os constantes obstáculos provocados pela Câmara de Ponta Delgada e, ouviram-se, também, críticas à falta de iluminação e de entretenimento turístico pela parte do município.
Por tanto querer falar do passado, o PSD acabou por revelar um dos “calcanhares de Aquiles” da gestão social-democrata nos Açores: a falta de dinâmica, de inovação e de liderança política do Presidente da Câmara de Ponta Delgada.