De repente, alguns partidos políticos descobriram a paixão da Educação e da Qualificação. Fazem Roteiros, interpelações, visitas a escolas. É uma azáfama enorme, fruto do período pré-eleitoral que se vive.
Parece que só agora despertaram para a importância que esta área tem para o futuro dos Açores.
Cada partido político define, como bem entende, a sua ação e as suas prioridades, mas tem a obrigação de na análise e debate público que promovem sobre essas prioridades, ter uma abordagem séria, que tenha em conta a realidade.
É inquestionável que ao longo dos últimos anos, os Açores apostaram forte na qualificação. A proliferação de escolas profissionais e a melhoria significativa das infraestruturas escolares garantem as bases para um aumento da qualificação mais consistente. Mas partimos de fasquias muito baixas. Há 20 anos os índices de qualificação dos Açores eram muito baixos. As estratégias desenvolvidas permitiram uma melhoria significativa nas infraestruturas escolares, no aumento de recursos humanos e uma massificação da qualificação profissional sem precedentes. Mas este é um caminho longo, que demora muitos anos a percorrer e a dar frutos.
Dados recentes da União Europeia dizem que o nível da qualificação na Europa (percentagem dos trabalhadores que têm 12º ano e mais) é de 82% enquanto em Portugal é de 32%. Referimos muitas vezes que temos a geração melhor qualificada de sempre. Isso não é um cliché, é uma realidade, mas quando comparamos com as gerações anteriores e não com as gerações iguais dos outros países da Europa.
Esta é uma guerra que está longe de estar ganha, este é um combate geracional, mas temos ganho muitas batalhas.
Hoje, temos dados que nos indicam uma redução brutal na taxa de abandono escolar precoce, ou seja, abandono entre os 18 e os 24 anos, passando para menos de metade em 10 anos. Ou uma redução quase para zero de abandono escolar, que há cerca de 20 anos era ainda da ordem dos 17%.
Temos de continuar este caminho de recuperação.
Este setor, talvez o mais importante para o futuro dos Açores, não é uma preocupação de circunstância para nós. E não se circunscreve a um roteiro para marcar a agenda mediática e para empolar alguns legítimos descontentamentos.
É uma preocupação de sempre, com ações concretas e com resultados, que queremos continuar a alcançar e a melhorar.
E espera-se que todos se mobilizem neste desígnio, não apenas o Governo. Municípios, forças vivas, famílias e sociedade, todos têm de assumir esse combate como prioritário porque, não tenhamos dúvidas, são os índices de qualificação e educação de uma população que diferenciam as sociedades modernas.
Muito foi feito, mas há ainda muito para fazer.
E não há melhor forma de celebrar Abril do que valorizar a importância da Educação.