Opinião

Memória

… é preciso. E é imperioso rememorar abril, a liberdade, a democracia, a dignidade e o desenvolvimento. Sim, tudo isso. E mais a Autonomia, finalmente reconhecida e ampla, apesar de sempre inacabada. Porque a memória é curta ou, pior ainda, atraiçoa. E é por isso que, quando alguns ladram contra o mundo, porque antes é que era bom, e tínhamos ouro (como se hoje não tivéssemos…), para além da impertinente neblina do ontem, temos que respeitar a nostalgia de um tempo em que o reumatismo ainda não importunava… Assim, o 25 de Abril não pode ser apenas mais uma “efeméride”, um ritual politicamente correto. Porque, como re-comprovámos bem recentemente, não há conquistas nem eternas nem inatacáveis. E há sempre quem tenha o engenho de enegrecer o quadro e amargar a esperança! A liberdade crítica é um bem precioso, ainda que injusta ou infundada; a democracia é sagrada, pois o povo tem o direito de decidir, e mesmo de errar, pois é o destinatário último dessa decisão, que aliás pode sempre voltar a corrigir; a oposição e as minorias provam que a democracia se autolimita e o poder, mesmo legítimo, não é absoluto, e respeita regras e valores intocáveis. Cumpre-nos cumprir Abril… Sempre!