Segundo a Revista Dinheiro & Direitos, os bancos portugueses nos últimos nove anos agravaram, em média, em 60% as comissões sobre as contas à ordem. No mesmo período a taxa de inflação foi de apenas 13% - ou seja, os bancos aumentaram as suas comissões 4,6 vezes face ao valor da inflação. Hoje,em média, cada conta à ordem custa ao seu titular perto de 100 euros por ano.
Com a concessão de crédito em queda, os Bancos apontaram as baterias para as contas à ordem, fazendo disparar todos os encargos sobre estas. Despesas de manutenção, anuidades, transferências interbancárias, emissão de cartões e cheques, etc. Tudo sem um único reparo do Supervisor.
Longe vão os dias em que a nossa elite financeira exaltava o sucesso da modernização da banca privada portuguesa e os méritos da sua internacionalização. Tínhamos todos que aprender com os banqueiros o segredo do sucesso no mundo global.
Hoje a realidade do setor da banca em Portugal é dramática. É perfeitamente claro que o modelo adotado deixou as instituições financeiras com rédea solta para procederem a todos os tipos de abusos e de negócios. A regulação e sobretudo a supervisão bancária falharam redondamente na Zona Euro e particularmente em Portugal.
Em Março de 2015, o Banco de Portugal obrigou os bancos a refletir integralmente o valor das taxas Euribor nos empréstimos para compra de habitação. Juros negativos deviam ser “descontados” nas margens – spreads - cobradas pelos bancos. Ontem o mesmo Governador do Banco de Portugal voltou com a palavra atrás, impondo novos limites. Mais uma vez o regulador infringe os seus padrões de conduta.
Há duas conclusões que já se podem retirar da Comissão de inquérito ao “Caso Banif”. Uma é que o Governo de Passos Coelho escondeu a verdade. A outra, é que a posição do Banco de Portugal e particularmente do seu principal responsável é insustentável. O atual governador do Banco de Portugal devia resignar e com isso contribuir para o restabelecimento da confiança na banca portuguesa. Esta é uma questão de interesse nacional. Não é possível voltar a confiar na banca com um Governador desgovernado.