Em Novembro de 2015, o PSD-Açores criou uma verdadeira nova liturgia de foro político, os supostos 20 anos de Governação do PS na Região.
O PSD começa por ignorar um aspeto eminentemente empírico e simples de enunciar pela sabedoria popular: quem usa o argumento do tempo decorrido não tem nada de importante para dizer.
O argumento dos 20 anos é uma aritmética falsa que induz em erro.
Em primeiro lugar ignora que os açorianos votam livremente de quatro em quatro anos para eleger, diretamente, o seu Parlamento e, indiretamente, escolher a personalidade em quem mais confiam para presidir ao governo dos Açores. Ou seja, tal como poderia acontecer em qualquer democracia, os mandatos consecutivos do PS à frente dos destinos da Região correspondem à renovação da vontade inequívoca dos açorianos a cada quatro anos.
Em segundo lugar, convém relembrar que ao sucesso consistente do PS na governação da Região corresponde uma assinalável e embaraçosa incapacidade da oposição, nomeadamente do PSD, em gerar uma alternativa credível em quem os açorianos confiem. Ou seja, as vitórias do PS podem ser vistas como sucessivas derrotas do PSD marcadas pela falta de capacidade do maior partido da oposição em renovar, inovar e protagonizar a mudança.
Em terceiro lugar, o próprio deputado Duarte Freitas reconhece explicitamente a incoerência da tese que apregoa. No Funchal, a 20 de Abril de 2015, na tomada de posse de Miguel Albuquerque como presidente do Governo madeirense, Freitas afirmou que se “abria um novo ciclo político na Madeira”. Isto, recorde-se, depois de 37 anos de governos do PSD chefiados por João Jardim. Ou seja, para Duarte Freitas na Madeira, como o governo é do seu partido, abre-se um novo ciclo, nos Açores, como o Governo é do PS, o governo tem 20 anos. Freitas diz na Madeira o que não tem coragem de assumir nos Açores.
O PSD-A pode continuar a apregoar que o PS está a Governar os Açores há muito tempo. Isso nada diz ás pessoas. Seria muito mais útil para as hostes laranjas refletir sobre os motivos de duas décadas de derrotas. Mas este é o debate que o PSD continua não querer fazer.