Recentemente esteve em cima da mesa a possibilidade de ser implementado o chamado “voto em mobilidade” bem como a introdução de matrizes em braille nos boletins de voto para melhor auxiliar os invisuais nesse momento. Aquela “modalidade” de voto, por exemplo, permitiria aos jovens açorianos deslocados exercer o seu dever cívico de forma desburocratizada, como se o fizessem na sua mesa de voto normal. À partida, pareceriam propostas consensuais, de tão simples e, acima de tudo, justas, que são. Mas não. Num acesso de teimosia que não se percebe muito bem, o maior partido da oposição inviabilizou que estas medidas pudessem ser implementadas nas próximas eleições regionais.
Dá para perceber? Não dá. É que se ainda tivessem apresentado uma justificação plausível, perceber-se-ia. Mas, como já é hábito, o finca-pé gratuito, sem motivação e objetivo aparente, venceu. A proposta, que já estava em cima da mesa desde maio, não colheu, do PSD, a boa vontade que devia. E porquê? É simples. Porque é uma boa iniciativa socialista. Interessa cá que se esteja a prejudicar os tantos jovens que querem votar e que muitas vezes não o fazem porque o processo é tão complexo que há muitos que desistem a meio e outros que nem tentam. Que importa que os invisuais precisem de ter o exercício do direito ao voto mais facilitado. Para este PSD, o que interessa é dizer não aos socialistas, fazendo birra quando a aprovação de alguma coisa (boa para os Açorianos) não lhes convém.
Compreende-se que este PSD Açores se acabrunhe a cada boa medida que emane do Partido Socialista. Porque mais que essa atitude não têm para dar. Se assim estão há tantos anos – dos quais se fartam de queixar mas que continuam a ser incapazes de fazer uma introspeção para detetar a fonte do seu “problema” – não têm também feito nada para alterar o seu próprio status quo. Mas é óbvio demais que a má vontade é inimiga da produtividade e maior antagonista ainda do desenvolvimento de medidas benéficas para os Açorianos.
A política deve fazer-se para as pessoas que votam, em seu benefício. E seria muito mais positivo que o PSD tivesse engolido o seu orgulho e admitido que estas eram medidas necessárias e só lhes cairia bem o esforçarem-se ao máximo para contribuir para que as mesmas fossem implementadas. Mas não. Como em quatro anos de Governo Passos Coelho – no qual muitos notáveis do PSD Açores se gabam que votariam outra vez, e fazem-no alto e bom som – não conseguiram criar uma medida assim, e muito menos implementar algo semelhante, arrasam com o que o Partido Socialista propõe. Espero que este revanchismo triste e lhes dê algum tipo de sabor a vitória. Porque é o mais próximo disso que vão saborear, se continuarem pelo caminho que obviamente não os tem levado a lado nenhum.
Nas coisas mais simples, como o garantir dos dois terços necessários para fazer aprovar esta alteração em sede de Assembleia Legislativa, o PSD fechou-se em copas e recusou-se a viabilizar qualquer tentativa nesse sentido. Como seria nas decisões mais complexas? Repito novamente a pergunta que tenho feito recorrentemente: e é este PSD que quer governar? É este PSD que diz que quer o melhor para os Açorianos, quando nem numa questão tão simples e da maior justiça consegue pôr o seu orgulho de lado? A verdade é que toda a gente percebe o que são e o que fazem. Que, pelos Açorianos, tem sido (e continua a ser) muito, mas muito poucochinho.