Não recuando antes de 1996, mas avançado no tempo, a nossa economia foi, é e será – muito suportada pelo sector primário. A agricultura e a Pesca.
Transformar uma região dispersa por nove ilhas suportadas no sector primário, onde o conhecimento e a inovação não abundam, numa região para o século XXI, continuará a ser um dos maiores desafios das próximas décadas.
As áreas de diversificação da economia são sobejamente conhecidas. Transformar do embrião à fase adulta de reprodução de investimento e de riqueza é “nove” vezes mais difícil nos Açores do que noutras regiões.
Não restam dúvidas que os sectores primários são essenciais. Da agricultura à pesca. Mas ambas precisam de continuar a criar valor. E nestas áreas todos devem cavar, ordenhar e remar, legislar e executar para o mesmo lado. Produtores, Pescadores, Indústria, Comercialização, Parceiros sectoriais, Deputados e Governo.
A agricultura e a pesca atravessam um período difícil. Das imposições europeias, aos embargos internacionais e à redução de diferentes espécies piscícolas. Mas se existem externalidades negativas em ambos os sectores, porém no caso da pesca, importa reinventar novo mecanismo de acompanhamento da descarga à venda do pescado.
Em tempos o escrevi e volto a fazê-lo. O fácil acesso a estes sectores, durante anos, contribuiu, acredito que involuntariamente, ao absentismo escolar, à não progressão escolar. Hoje existe, não só legislação, mas uma cultura diferente por parte dos pais. Estou certa que esta alteração cultural não impedirá a agricultura e a pesca de se manterem os nossos maiores exportadores – na venda direta ou através da gastronomia -, muito pelo contrário, serão reforçados com capital humano mais qualificado, associando-se ao novo sector económico dos Açores. O turismo.
É certo que emergem silenciosamente outros sectores que necessitam do seu tempo e que não se verão de forma tão imediata. A área dos Sistemas de Informação, Tecnologia Espacial, Energias Renováveis e a transformação do conhecimento em produto, através da inovação e desenvolvimento.
A Universidade dos Açores tem um papel essencial na inovação e desenvolvimento. Existem professores dedicados e que acumulam leccionação com investigação. Enorme esforço. Mas também existem outros que acumulam docência com gabinetes privados de produção de serviços. Não só esgotam o tempo a dedicar à investigação, como ocupam espaços da economia privada em condições mais vantajosas.
Os mercados emergentes não são mercados do imediatismo e facilitismo e que só se afirmarão com um forte investimento nas políticas públicas que dêem esperança aos jovens que se formam nestas áreas emergentes e reforçando o acrescentar valor à agricultura, pesca e turismo. Os Açores do Futuro, que se completam, também, com os alunos que terminam a sua formação por estes dias.