Volto sempre a esta relação edipiana e electraniana que temos da Europa. Matriarca e patriarca, todas as aspirações e desejos contidos nesta ideia de uma União de povos e futuros, contidas em sonhos e num futuro que se quer construído em valores e suporte económico e social, esbarram em dilemas e interrogações. De onde vimos e para onde vamos.
Na Europa decide-se hoje o futuro. É o pós brexit, é o pós 2020, com anúncios de cortes e restrições orçamentais. Será que o presente nesta Europa assimétrica no seu desenvolvimento, com um Norte cada vez mais distante do Sul; pode decidir cortes sem maior prejuízo futuro destas assimetrias?
Certamente que não. Mas que papel desempenhamos nesta reivindicação de mais ou dos mesmos apoios concebidos às políticas comuns de desenvolvimento, como o caso da política agrícola comum e da política de coesão?
Tudo por todos, esta é a posição do governo dos Açores e deve ser o mote de todos os Açorianos e Portugueses nesta fase em que as RUPs,(Regiões Ultra-Periféricas) continuam por fatores endógenos e geográficos a serem RUPs desta Europa assimétrica, mas ideologicamente convergente para um igual desenvolvimento.
Os povos da europa somos todos nós e Portugal pagou muito caro o esforço de convergência, caro demais até, arrastado por uma crise que não foi só nossa; e de que agora começamos a consolidar a nossa economia, mesmo com as fragilidades que a nossa agricultura e as nossas pescas sempre tiveram em relação à das restantes regiões europeias.
Este dia da Europa que se comemorou esta semana em Portugal, ainda está para se cumprir; não querendo com isto dizer que não se deva lembrar o fato histórico da sua existência, nem a sua essência; mas falta-lhe atingir a plenitude do seu significado, para que seja a festa dos europeus.
O Tratado de Lisboa, sem dúvida o que inequivocamente reconhece as RUPs e até mesmo o seu alargamento estatutário a outras regiões ultramarinas europeias, não pode deixar de ser respeitado como a evidência plasmada em acordo destas particularidades e maiores exigências de subsidiariedade.
Nós não queremos esta Europa, visionada por Eça de Queirós como desnacionalizada, unitariamente comum como o preço das estampilhas, nem com o mesmo feitio moral nem as mesmas frases, mas lutaremos por uma Europa com uma identidade estruturante composta por países culturalmente, linguisticamente e territorialmente diversos, mas com pontes comuns na defesa do princípio da coesão económica e social.
Oxalá esta ideia seja partilhada pelo menos pelos políticos do parlamento nacional e europeu; porque nós nos Açores, não abdicamos desta luta.
Quando isto acontecer, o dia da Europa será dia de festa.