Opinião

De Lá para Cá. Quantos por cento?

Já abordei por várias vezes nesta rúbrica, os defeitos de uma certa maneira de tratar a estatística à custa das percentagens. Não por ser um problema de matemática, mas por ser um problema de comunicação. Todos os anos, com a publicação das estatísticas oficiais sobre saúde ou a falta dela, deparámo-nos com verdades que devem servir de estudo e de atitudes resolutivas sempre que estiverem ao nosso alcance. Verdades sobre incidência e prevalência de certas patologias e das causas de morte são sempre motivo de preocupação de quem luta pela sua melhoria e de quem estando vivo aspira a maior longevidade e melhor qualidade de vida para si e para a nossa comunidade. Afinal contamos com um Serviço Regional de Saúde, com a evolução da ciência médica e dos cuidados médicos disponíveis deveríamos contar com a participação ativa dos cidadãos na procura de padrões de vida saudáveis, atuando-se cada vez mais preventivamente e menos à espera que algo de mau aconteça a quem desperdiça saúde, passando a fazer parte das estatísticas. São as doenças respiratórias, as cardio- cerebrovasculares, as oncológicas de causa prevalente conhecida; e por aí fora. Independentemente disto, a doença pode atingir-nos numa roleta de azar, definida pela má sorte ou má sina como por vezes se diz, quando um acidente ou uma doença imprevista nos atinge. Por tudo isto, faremos parte das estatísticas, comparadas entre regiões e países, à procura de um ranking aceitável na moda estatística. Mais do que o outro não é bom, menos será melhor e melhor entre os melhores, seria o ideal. Em algumas destas modas ou medianas estatísticas, não estaremos melhores do que outras regiões, noutras estamos melhor e noutras ainda melhor do que os melhores como no caso do cancro da mama e tumores malignos do colon reto e ânus e dentro da mediana em outros cancros como o do estômago, pâncreas e vias biliares, só para dar alguns exemplos. Mas de que serve apegarmo-nos aos rankings se o que nos interessa é o combate a estas doenças; senão vejamos: o que é importante referir nesta comparação, com toda a honestidade descritiva, é que dada a nossa demografia com 245.283 habitantes, uma variação em permilagem da taxa de incidência de uma determinada patologia ou causa de óbito, pode corresponder a mais dois ou três falecidos por esta causa; como por exemplo; uma incidência de 1,3% nos Açores dos 357 casos verificados de cancro do ovário em Portugal, representa 4,6 óbitos contra 3,9 óbitos no Alentejo (1,1%) e 3,2 óbitos no Vale do Tâmega e Sousa (0,9% ). Se considerarmos esta incidência calculada por 100.000 mulheres, obteremos incidência de 3,6 casos por 100.000 mulheres na RAA, e de 6,4/100.000 mulheres no caso do todo nacional. Mais do que a publicação de dados disponíveis, está o dever de comunicar e de com esta comunicação fazer chegar sem alarmismos propositados, o alerta e ensinamento para a necessidade de atitudes preventivas e a deteção precoce que também é da responsabilidade de cada um e de todos. Quantos por cento? Nem por cem mil gostaríamos de ter algum.