A democratização da capacidade de produzir e disseminar informação, designadamente através das redes sociais, dá aos respetivos emissores uma inegável sensação de poder, e aos destinatários, também eles próprios emissores, uma eufórica sensação de acesso fácil e gratuito à informação, que é também uma aparente e nova conquista de poder.
Isto traz enormes e decisivos desafios aos media clássicos, desde logo com a perda de receitas, quer em subscritores quer em publicidade, e a quase obrigação de entrar numa espiral pretensamente redentora de, ao mesmo tempo que se tenta cortar custos, e para isso se reduz ou elimina os suportes clássicos, mais os da respetiva logística, se migra para o digital, numa tentativa desigual de concorrência, e num meio onde as receitas são, pelo menos por enquanto, menores e mais voláteis.
E a concorrência é difícil porque o bom jornalismo não pode dispensar... o jornalista. Que, dotado de formação e experiência profissionais muito específicas, tem sobretudo um código deontológico a respeitar, de isenção, rigor, objetividade e independência. E como missão principal coligir, selecionar, filtrar a autenticidade da informação, para lá das particulares motivações de todas as fontes, garantir o contraditório e habilitar leitores a decidir.
Porque o bom jornalista não dispensa o permanente recurso às opiniões de autoridade, nos diversos campos da ciência, do saber e da tecnologia, para que a informação seja o mais possível descodificada e acessível. Tal análise, arrimada em juízos de autoridade, é essencial. Porque as opiniões não têm todas a mesma valia, e por isso mesmo a ciência e o saber se não fazem do maior denominador comum das ignorâncias, mesmo que talcritério se travista de tentadoramente democrático...
E isto era assim no tempo em que media era uma palavra latina, e como tal não tinha acento!