Opinião

25 de Abril: valeu a pena?

Antes que nos incluam, precipitada e injustamente, no lote de saudosistas e outras “istas” que pululam por aí, dando inclusivamente a cara em recentes partidos de muito mau gosto e de índole discutível num estado de direito democrático, informamos deste já que o título é uma provocação. Uma grande provocação! O 25 de abril, para qualquer democrata, representa o recuperar da dignidade aprisionada durante quase meio século. O acordar de um longuíssimo pesadelo através do sobressalto de um povo que havia sido amedrontado durante décadas através de práticas conhecidas de todos. O despertar, sob a égide de destemidos militares que orquestraram um plano de rebelião, de um país isolado e amordaçado para um mundo novo. A revolução, maioritariamente pacífica, abriu as portas de Portugal ao mundo da liberdade e da democracia. Aqui chegados, impõe-se uma palavra de agradecimento aos - hoje em dia tão maltratados - partidos políticos. Foi graças às diversas forças político-partidárias existentes à data, com maior destaque para o Partido Socialista de Mário Soares e numa fase inicial para o Partido Comunista Português de Álvaro Cunhal, que foi possível construir o estado de direito democrático que hoje temos. Com isto não queremos dizer que o 25 de Abril é património da esquerda, do partido A ou de alguma personalidade - por mais importante papel que tenham desempenhado - em concreto. O 25 de Abril é património de Portugal. Do Povo Português. Dos Democratas. Celebremos Abril, sempre! Mas celebremos, mesmo. E aqui permitam-nos que a terminar fique um desabafo: não se percebe como a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores - 1.° órgão da Autonomia e “filha” de Abril - não evoque, de forma solene, em sessão plenária convocada exclusivamente para isso, o dia da Liberdade. Até quando continuará esta omissão? Daqui a 5 anos comemorar-se-ão os 50 anos da data mãe da democracia na atual república. Esperemos que, se não for antes, ao menos nesse dia a nossa Assembleia assinale condignamente tão importante efeméride. A Autonomia sairia engrandecida. O Povo Açoriano, pela voz dos representantes por si eleitos, de certeza que, no meio das múltiplas e salutares divergências ideológicas, terá oportunidade nessa altura de dizer em uníssono: 25 de Abril, SEMPRE!