Opinião

Votar é fixe!

Outrora, em tempos mais revolucionários, havia cartazes por aí a dizer: “O voto é a arma do povo!”. A ideia era – apesar da linguagem belicista, a qual não era a mais feliz! – demonstrar a importância da participação nos diferentes atos eleitorais. A verdade é que em matéria de eleições europeias o povo tem sido, desde sempre, demasiado pacifista. A esmagadora maioria não usa a “arma”. Nas últimas eleições europeias a participação, no todo nacional, não atingiu os 35%. E nos Açores tivemos uma participação que não chegou aos 20%! Para além de ser uma participação baixíssima, é, acima de tudo, pouco dignificante para qualquer Estado de Direito Democrático. A Democracia, com níveis destes, está “ligada às máquinas”. Urge, portanto, fazer alguma coisa. O quê? Parece-nos, num primeiro nível, que a bola está do lado dos partidos políticos e respetivos candidatos. E há partidos e candidatos que estão a desempenhar bem esse papel. Contudo, seria bem mais profícuo se todos estivessem na mesma “onda”. Acontece que enquanto quase todos estão na estrada a tentar inverter a tendência dos últimos atos eleitorais ao Parlamento Europeu, dando o seu contributo para explicar, convencer e mobilizar o eleitorado; o PSD/A optou pela omissão, pela falta de comparência e pela indecisão. Ainda se espera uma definição (?!) quanto à indicação de voto aos seus militantes. A opção está, aparentemente, entre a ida às urnas sem bala na arma, isto é, votar em branco ou, em alternativa, recomendar uma ida para a praia de Santa Bárbara. Qualquer uma destas opções deve ter sido inspirada no saudoso Raúl Solnado e o seu célebre sketch humorístico “A guerra de 1908”, que adapta o monólogo “Es el enemigo?”, e em que fica para a posteridade a tentativa de se fazer um intervalo na “guerra”. Assim está o PSD/Açores: em intervalo! A outro nível, talvez mais importante, temos os abstencionistas alegadamente convictos. E aqui a bola está do lado de todos. Dos democratas! A Democracia é o bem supremo. Não há divergências ideológicas ou de princípios que dividam os democratas quando confrontados com uma hipotética alternativa à Democracia. Mas a Democracia, na sua substância, só existe com participação a níveis aceitáveis, preferencialmente acima da barreira dos 50%. Bem sabemos que essa fasquia, em eleições europeias, está altíssima, mas compete a cada um de nós dar um contributo para a desejada melhoria na participação. Aqui fica o nosso em jeito de slogan que deveria unir os democratas: Bora lá. Votar é fixe!