Comentadores, especialistas, avençados e porta-vozes; peritos, doutores, atrevidos e mesmo avençados do frete - já peroraram doutamente sobre o resultado das europeias. Junto-me gostosamente ao rol, mas serei breve.
Houve um coro de carpideiras de alagar lençóis acerca dos valores da abstenção, tema aliás que alguns já tinham treslido a respeito dum estudo encomendado pela Assembleia.
Descansai almas puras: é falsa preocupação. O truque deriva da muita mágoa que alguns têm em repetir que o PS-Açores ganhou, de forma clara e indesmentível, também estas eleições, tendo o PSD obtido o seu pior resultado de sempre.
Pois que não se pode ignorar o efeito das novas regras de recenseamento na falsa abstenção, o que é conhecido nos Açores desde 2012 e até já levou à revisão da Lei Eleitoral para a ALRAA; e, para um democrata, a pedagogia do dever cívico de votar deve andar de passo, e sem nenhuma contradição, com o reconhecimento dos direitos jurídicos de votar... e de não votar. A mera hipótese de prever sanções para os abstencionistas, como alguns maduros aventaram, é bem sintoma da proliferação de pequenos ditadores de trazer por casa...
Os elevados números da abstenção em eleições europeias são tudo menos... novidade. Ao invés, surpreendente é o líder do psd de cá, consoladinho, vir dizer que houve uma "vitória da abstenção". Será que não concorreu? É que começa a ser divertido os partidos que perdem as eleições insinuarem que a culpa da elevada abstenção... é do partido que mais votos teve!
O que o psd devia explicar é como grande parte dos seus habituais eleitores continuou a votar... no psd, ignorando olimpicamente o líder e a estrutura regional, que parecem correr sério risco de absoluta irrelevância. Essa é mesmo a diferença entre um general e um sargento de milícias!