A cada final de ano é habitual assistir-se, nos diferentes órgãos de comunicação social, à escolha das figuras ou personalidades e dos factos ou acontecimentos que marcam o ano. 2019 não fugiu à regra. Passando os olhos pelos mais diversos jornais e assistindo aos noticiários dos diferentes canais nacionais temos uma espécie de cardápio à disposição. Assim, tendo em conta a respetiva importância para o mundo, decidimos – tal como a maioria – que os “prémios” vão para: Personalidade do ano A figura do ano é, indiscutivelmente, Greta Thunberg. Num tempo em que as alterações climáticas, a defesa de uma agenda verde, a eliminação do plástico, a redução das emissões de carbono, etc…, etc... constam dos programas de todos os partidos políticos e movimentos cívicos, não surpreende o mediatismo à volta de uma jovem sueca que aos 15 anos decidiu manifestar-se com um cartaz de papelão junto ao parlamento da Suécia. Esse foi o primeiro acto de uma espécie de “greve climática”, ao qual sucedeu outro, e outro e outro e outro... até se tornar num verdadeiro movimento internacional que mobiliza milhões de jovens e menos jovens na defesa da sustentabilidade ambiental do nosso planeta. Tornou-se, assim, “rapidamente” num símbolo de um grito global contra a inação face às alterações climáticas, sendo ouvida em parlamentos e na assembleia-geral da ONU, tendo inclusivamente visto o seu nome ser incluído na shortlist para o Nobel da Paz. Independentemente da opinião que tenhamos sobre esta jovem (ou o papel que desempenha), a verdade é que agitou e muito as consciências de todo o Mundo. Esperemos que tenha chegado a tempo! Acontecimento do ano Apesar de alguns avanços e indefinições. Discussões e negociações. Demissões e eleições. O Brexit irá mesmo acontecer. O resultado das eleições ocorridas no passado dia 12 de dezembro foi inequívoco. A maioria absoluta conferida pelos eleitores britânicos ao Partido Conservador - maior vitória a seguir a Thatcher em 1987 - foi o acto final da peça “Adeus União Europeia”. Logo na noite eleitoral Boris Jonhson anunciava: “o Brexit vai acontecer a 31 de janeiro.” Atendendo ao que isto significa para a União Europeia, para a Europa e para o Mundo, está encontrado o acontecimento do ano 2019. A saída de um gigante da União Europeia não só terá consequências que não serão resolvidas através dos muitos milhões de libras a assumir pelo governo britânico, como também abre um rombo demasiado grande no chamado projeto europeu. A Europa, para ser um bloco poderoso no mapa mundial, precisa, respeitando as grandes diferenças culturais dos países que a integram, dos mais fortes e poderosos Estados para ombrear com a China e com os Estados Unidos. Esta saída desequilibra o que já não estava totalmente equilibrado. O respeito pela democracia impõe que se aceite a vontade do povo britânico, ainda que se discorde profundamente do caminho escolhido. PS: votos de um feliz ano novo para todos!