Opinião

Ideias para a nova década que começa já hoje

Este é o primeiro artigo desta nova década que, quero acreditar, será uma década de transformações. As ideias que aqui deixo focam-se em objetivos que se complementam com tantos outros e que contribuem para o desenvolvimento das sociedades, a par com a realidade insular. 1) O Despovoamento: este é um desafio que não pode mais ser adiado, nem aguardar que se autocorrija ou reconhecer (apenas) que a baixa natalidade é uma fatalidade - é sim uma característica das sociedades desenvolvidas. A imigração é essencial para corrigir essa assimetria. 2) A Administração Pública: a eficácia e eficiência do funcionalismo público é essencial para o desenvolvimento do território e para a dinamização da economia. Não basta digitalizar processos. Agregar serviços e disponibilizá-los com rapidez e a menor presença física do cidadão. A interoperabilidade entre a Administração Pública e o Cidadão deve ser transparente. Potenciar a concretização do teletrabalho a partir de diferentes ilhas. 3) A Educação: continua e continuará a ser o grande desafio de todos os tempos e em diferentes tempos. A valorização, o rigor e a dedicação por aqueles que ensinam e os que aprendem, deve ser o foco perante a capacidade de discernir a informação (e não memorizá-la), tendo como premissa fundamental que a mudança é a única constante e só com uma excelente formação teremos a garantia de futuro. 4) Distribuição da Riqueza a riqueza está indevidamente distribuída. É uma realidade. Será tempo de pensar num imposto progressivo sobre a riqueza, como avançam Warren e Sanders, pago em função do valor anual do património líquido? 5) O Ambiente é um dos maiores desafios para as próximas décadas desde logo pelo equilíbrio que se exige entre as necessidades do território e as das sociedades do presente e do futuro. Do tratamento de resíduos, às acessibilidades e à mobilidade, exigem já respostas para um futuro que dê ainda mais corpo ao galardão conquistado nesta década, do único arquipélago do mundo certificado como destino turístico sustentável. 6) As novas formas de trabalho que advêm da tecnologia da informação e biotecnologia vão representar muito mais ao nível das novas formas de trabalho do que aquando a revolução industrial. Que políticas públicas para evitar a perda de empregos e para criar empregos e, mesmo perante os esforços, o que fazer quando a perda de empregos for além, e muito, da criação de postos de trabalho. Taxar diferenciadamente os equipamentos e produtos digitais exportados ou até a mão-de-obra digital? 7) Mais e melhor remuneração para menos pobreza: o Estado Social continuará a ser uma das bandeiras da garantia da dignidade humana independentemente da sua condição social. O trabalho que dignifica deve ser devidamente remunerado. A título de reflexão vejam-se os resultados das 100 Maiores Empresas nos Açores, fiquemo-nos pelas maiores 10, que face ao aumento de resultados das empresas (e muito bem!) o número de funcionários manteve-se. E a massa salarial dos mesmos? 8) A valorização do setor primário: a nossa Região pela sua excelente posição geográfica terá sempre um forte setor primário, agricultura e pescas, com a valorização financeira dos produtos e uma menor produção, onde uma região ambientalmente rica e diversificada não se coaduna com produtos de marca branca. 9) A nossa Saúde: nunca como antes fomos confrontados com caminhos ou soluções para as dependências ou doenças, onde e cada vez mais a inteligência artificial terá um forte incremento na medicina. Face ao ser humano que rapidamente se rende às modas sociais ou à criação de epidemias de dependências, mesmo nas próximas décadas e com inovação, a saúde e qualidade de vida estão, esmagadoramente, nas nossas mãos. 10) Uma base ética sólida: um princípio simples para 2020 e restantes anos… Fantástico 2020!