No estertor de 2019, decretaram o fim da década. Não vale a pena contrariar: ninguém resiste às curvas do zero…
Em termos nacionais, 2015 veio esclarecer os incréus acerca do nosso sistema semipresidencial, em que o Governo depende do Parlamento. E, na ressaca da feroz obediência à Troika, e para além dela, a esquerda percebeu as responsabilidades que a sua maioria reclamava. A começar por António Costa, na qualidade de líder do partido uterino da esquerda democrática. Quem se tivesse dado ao trabalho de ler a moção global por ele apresentada e sufragada pelo PS, bem como o manifesto eleitoral, não ficou surpreendido.
A direita rasgou as vestes; Cavaco amuou, na impotência de fim de mandato… e Portas percebeu que era tempo de dar tempo ao esquecimento… Aprenderam muitos, 33 anos depois, que sistema de Governo é o nosso. E daí resultou o retomar do cumprimento do Estado Social (agora, pelos vistos, tão amado pelos cristãos-novos dos filhos da Troika…
Dessa Europa que, sem consequências, às vezes reconhece que se enganou na receita. E continua com Brexit, com as derivas políticas da Hungria e da Polónia, reconfortada no conceito de Estado, em termos internos e externos, num tempo em que cinzentos burocratas fazem de políticos. Ao menos, o Tribunal de Justiça Europeu lembrou ao Reino de Espanha, tão apoquentado por francos fantasmas, que a Europa ainda é a vitória da Paz sobre a Guerra e do Direito sobre a força…
Por cá, o PSD-A continua, em circuito fechado, desgastando-se em breve desfile de fugazes líderes pelo “tapis rouge” da açoriana indiferença. A inspiração e as ideias não abundam, e só a originalidade de estilo é poucochinho… Por isso mesmo, a velha moção do novo líder não chega a um arroubo intimista, quedando-se por ser uma espécie de corrimento sentimental de vagas intenções.