Opinião

Política e afins – O abastecimento às Flores

É do conhecimento de todos que a passagem do furacão “Lorenzo”, no início do mês de outubro, provocou estragos consideráveis em algumas ilhas do nosso arquipélago. O porto comercial das Lages das Flores ficou inoperacional, durante algum tempo. Mesmo assim, passados alguns dias, já era possível a acostagem de navios com dimensão máxima de 60 metros de comprimento e 4 metros de calado. E, neste contexto, o navio “Paulo da Gama”, que se enquadra nestas condições, efetuou 8 viagens com bens de primeira necessidade entre os dias 11 de outubro e 12 de dezembro, altura em que as condições meteorológicas e oceanográficas se tornaram adversas, impossibilitando novas viagens. Ainda assim, as populações das Flores e do Corvo não ficaram desprovidas de acesso aos bens essenciais, desde logo, porque a SATA transportou cerca de 10 toneladas de géneros alimentícios até à primeira semana de janeiro. Além disso, a Força Aérea disponibilizou um avião C-295, com capacidade de carga de 5 toneladas, e a Marinha o navio patrulha “Figueira da Foz”, que fez deslocar, por estes dias, 25 toneladas de bens essenciais, entre eles, medicamentos, leite, farinha, legumes, gás, etc. Também sabemos que o navio Malena, com quase 90 metros de comprimento e 4 metros de calado, entretanto, já chegou às Flores, prevendo-se que a normalidade de abastecimento desta ilha e do grupo ocidental seja reposta com alguma brevidade. Ninguém consegue ignorar que os florentinos passaram dias difíceis, em que houve falta de alguns bens alimentares, e que nem tudo correu de acordo com o planeado. Tudo isto cria transtornos, cria ansiedade e alguma revolta à mistura, mas é justo dizer que, em todo este processo, os governos dos Açores e da República, bem como as Forças Armadas estiveram irrepreensíveis no tratamento e na procura de soluções a bem dos habitantes do grupo ocidental. Já não esteve tão irrepreensível alguma oposição que utilizou a “desgraça” dos florentinos e dos corvinos, aproveitando-se politicamente para criar factos sem a mínima correspondência com a realidade. Não obstante todas essas eventualidades, o que é facto é que os florentinos e os corvinos, que mostraram uma enorme tenacidade, já podem estar mais descansados, pois a normalidade do abastecimento será reposta brevemente.