Opinião

Calamidades e Infortúnios

Os Açores ao longo dos tempos têm sido assolados por calamidades naturais que devido às suas dimensões têm alterado a forma como olhamos a vida. As suas consequências têm sido de tal forma cruéis que, para além da destruição de infraestruturas tão importantes para o nosso dia-a-dia, em alguns casos ceifaram vidas que por mais que o tempo passe parecerá sempre ter sido ontem. Não é possível falarmos da nossa história enquanto povo, sem mencionarmos todas as vezes em que houve açorianos que tiveram de ir buscar forças onde nunca pensaram ter, sem nos referirmos às imensas localidades que tivemos de reerguer. Sendo natural do Concelho da Povoação poderia aqui expor as minhas vivências em algumas destas situações, mas não o farei já que outros naturalmente vivenciaram-nas de forma diferente e até em alguns casos de forma mais direta. Antes, acho mais pertinente valorizar a evolução positiva da forma como nós açorianos encaramos estas situações e como as entidades de proteção civil, de segurança e políticas abordam o antes, o durante e o depois destes infortúnios. Aliás, toda a capacidades que se foi ganhando de dar uma melhor e mais atempada resposta a todas as necessidades que advenham destas situações. É muito simples: é possível ver essa evolução se compararmos as abordagens dessas entidades no sismo de 80 ou nas cheias da Povoação em 86 com, por exemplo, a abordagem adotada pelas mesmas entidades nas derrocadas na Ribeira Quente, em 97, ou mais recentemente na destruição que o furacão Lorenzo provocou. Se em nenhuma das situações que mencionei a previsibilidade das consequências era possível outras situações não eram de todo previsíveis. Mas há uma coisa que era e sempre será expetável: é que as entidades públicas tudo façam para que a normalidade da vida das populações afetadas seja restabelecida o mais rápido possível. Bem sei (mesmo), que o mais rápido possível será sempre longo demais para quem sofre diretamente nas suas vidas pessoais e profissionais as consequências desses infortúnios, mas também sei, e isso não pode ser negado, que a capacidade de resposta instalada hoje nos Açores é muito mais eficaz do que era. E mais, a forma como os responsáveis públicos abordam essas situações sofre até uma evolução muito mais humana, o que é de salutar. Se no sismo de 80 a passagem do então Presidente da República foi rápida, em 97 na Ribeira Quente os então responsáveis políticos locais e regionais passaram lá os dias e as noites seguintes. Se nas cheias da Povoação em 86 foi preciso esperar um mês para que o então Presidente do Governo se deslocasse à Povoação, nestes últimos infortúnios nas Flores a presença do atual Presidente do Governo foi permanente antes, durante e depois. Aliás, como outros membros do Governo em todas as ilhas. Por tudo isso, por toda a diferença de abordagem dos responsáveis, quero aproveitar esta crónica para prestar a minha homenagem a todas as entidades públicas e a todos os responsáveis políticos que diariamente tudo fazem para que a normalidade da população e dos empresários das Flores e do Corvo seja reposta tanto mais rápido quanto for humanamente possível.