Opinião

Entrar a perder… com 63 autogolos!

Sim, voltamos a escrever sobre as diretas do PSD. E, mais concretamente, sobre os resultados nos Açores. Das múltiplas (e justificadas) notícias sobre a vitória de Rui Rio nos Açores não vislumbrámos, em nenhum órgão de comunicação social, nada sobre algumas curiosidades – que apelidamos de “avisos” no texto da semana passada – que voltaram a registar-se na segunda volta. Para além da repetição da baixa participação; do empate no Concelho (secção) de Ponta Delgada; da demonstração de “força” interna do apparatchik Ventura e do boicote dos autarcas sociais-democratas do Nordeste, Vila do Porto e Madalena ao companheiro Rio, tivemos mais uma grande curiosidade. Imaginem que fazem um convite para uma festa nas vossas casas. Reunidos que estão à volta da mesa, decidem, como donos da casa, fazer um inquérito para aferir quem é o mais simpático. A escolha é entre cada um de vós, os referidos donos da casa, ainda que em legítima e clara representação de outrem, e um “amigo” ausente e que não seria convidado para um repasto que se quer feito de afinidades e proximidades. E não é que contados os votos… o vencedor não estava na festa. Vamos lá explicar. Bolieiro, Vice-Presidente de Rio e candidato único ao PSD-Açores, foi eleito Presidente do PSD/Açores por uns expressivos 98%. Simultaneamente, foram eleitos os Delegados ao Congresso que se realizou na Madalena no último fim-de-semana. Delegados esses que estavam associados à única moção global apresentada. Isto é, eram aparentemente apoiantes de Bolieiro. Acontece que na mesa eleitoral instalada no Congresso, a qual foi criada para suprir a impossibilidade dos companheiros deslocados votarem nas respetivas secções, e que teve que ser autorizada pelo órgão competente nacional, o resultado foi tudo menos o esperado. Essa votação ficará na história como a primeira derrota de Bolieiro. Até parece mentira, mas é verdade. Montenegro teve mais votos que Rio. Bolieiro, Vice-Presidente de Rio e Presidente eleito do PSD/Açores, a jogar em casa, rodeado de mais de uma centena de “convictos” apoiantes, de sorriso rasgado, com humildade e simpatia em doses demasiado encenadas, sob o slogan “Confiança” e com discurso de unidade e de mais unidade perde com 63… autogolos. Sim, foram 63 companheiros que foram até à Madalena de camisola vestida e que, no interior de uma cabine de voto confrontados com um boletim de voto e, do lado de fora, com um procurador com plenos poderes a ser colocado num pedestal ao som de elogiosas intervenções, optaram maioritariamente pela rebelião. Ou melhor, pela primeira traição ao líder recém-eleito. Esta votação, conjugada com os 2 empates consecutivos (!!) no concelho de Ponta Delgada, são um claro e inequívoco sinal a Bolieiro. A primeira missão de Bolieiro é passar da palavra aos actos. Apregoar unidade é fácil. Tomar decisões e executar, tal como sabem bem os eleitores de Ponta Delgada, é mais difícil. E se essas decisões não disserem respeito a festas e festanças… bem que podemos esperar sentados!